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  • A lentilha e a picanha

    E o preço de vender a alma “Tinha Jacó feito um cozinhado, quando, esmorecido, veio do campo Esaú. E lhe disse: Peço-te que me deixes comer um pouco desse cozinhado vermelho, pois estou esmorecido. Daí a chamar-se Edom. Disse Jacó: VENDE-ME PRIMEIRO O TEU DIREITO DE PRIMOGENITURA. Ele respondeu: Estou a ponto de morrer; DE QUE ME APROVEITARÁ O DIREITO DE PRIMOGENITURA? Então disse Jacó: Jura-me primeiro. ELE JUROU E VENDEU O SEU DIREITO DE PRIMOGENITURA A JACÓ. Deu, pois, Jacó a Esaú pão e o cozinhado de lentilhas; ele comeu e bebeu, levantou-se e saiu. Assim, desprezou Esaú o seu direito de primogenitura.” (Gênesis 25.29-34) Os pais hebreus tinham por costume abençoar o filho mais velho antes de falecer. Esta bênção era a maior herança que o primogênito poderia receber, inclusive muito mais importante do que dinheiro ou bens que recebesse como herança. A bênção patriarcal era o que norteava a vida daquele filho por toda sua vida, e ele deveria transmiti-la para seu descendente. Esaú não estava pensando no amanhã, mas em apenas saciar sua fome naquele momento. Quantos não agem assim nos dias de hoje? Vivemos em um mundo onde cada vez mais o imediatismo se faz presente; o clássico “Os Dez Mandamentos”, de 1956, seria execrado nos dias de hoje simplesmente por ter mais de três horas de duração. Afinal, se um vídeo dura mais de 1 minuto é considerado “filme” por esta geração tik toker, e áudios dessa proporção são considerados podcasts. Contudo, como aquele velho e conhecido refrão, “O apressado come cru”. Há quem leia a história de Esaú e pense “Meu Deus, que tolo! Como ele trocou algo bom por comida?? Ele não ia sentir fome de novo depois?? A benção era eterna!!”. Pois bem, estes mesmos são aqueles que trocam o certo pelo duvidoso, e que nas eleições, trocaram a certeza de crescimento econômico por “picanha”. Paulo Guedes, exímio especialista em Economia, conseguiu colocar o Brasil nos trilhos novamente. Infelizmente, ainda havia muito o que fazer, pois a máquina pública brasileira é enorme; fora o fato de que enfrentamos pandemia e guerra. Porém, mesmo com todas as adversidades, o país se saiu melhor que muitos que conhecemos ser de primeiro mundo. Isso porque Guedes é a experiência encarnada, alguém que sabe do que fala e entende das consequências de uma economia concentrada no Estado. Contudo, de maneira geral, o brasileiro é um ser imediatista; e a falta de instrução política adequada fez com que o povo pensasse que Jair Bolsonaro não fez nada esses quatro anos de mandato. Então, Lula (o encantador de serpentes, como diz Ciro Gomes) seduz este povo com um discurso: “Se eu for eleito, você vai voltar a comer picanha e tomar sua cervejinha!” Mas oras, nesses quatro anos o brasileiro trabalhador não comeu? Como carioca, sei que em quase todo jogo do Flamengo o churrasquinho e a bebida estão presentes (e olha que sou tricolor!). É só aparecer um feriado para que, no dia anterior, os supermercados estejam lotados de homens (que quase nunca tem paciência de enfrentar filas para fazer compras com suas esposas) empurrando carrinhos lotados de lotes de cerveja e carne para, no dia seguinte, reunirem amigos e família para comer. Contudo, o discurso imediatista, fácil e que satisfaz a alma agrada aos ouvidos. De onde virá o dinheiro para a tal picanha? Não sei, mas sei que vai ter; de onde virá o recurso para aumentar o salário mínimo? Não sei, mas sei que vai ter aumento; quem vai pagar a conta de aumento de ministérios para trinta e três? Não sei, mas tem que ter o tal Ministério da Igualdade Racial, dos Povos Indígenas, da Cultura. E assim seguem pensando apenas no agora, e nunca nas consequências desses atos. Quem “fez o L” na esperança de comer picanha, lamento, mas ela ficará só na imaginação: é porque a tal picanha era uma METÁFORA (figura de linguagem que produz sentidos figurados por meio de comparações): “Já pensou ter que explicar para um marmanjo de quase 30 anos que ‘picanha e cerveja’ é uma metáfora? Que não é sobre beber e comer churrasco, é sobre o pobre voltar a comer bem, ter poder de compra e lazer. É sobre o próximo parar de comprar osso ou procurar comida no lixo” Mas, agora já era: a alma já foi vendida; e tal qual Esaú, o povo brasileiro perdeu a bênção de continuar com uma gestão equilibrada, sensata, que não prometia tudo, mas que cumpria tudo o que prometia. E esse discurso de inchaço da máquina pública já está cobrando (e com juros) o seu preço: A bolsa de São Paulo fechou em queda e o dólar subiu nesta quinta-feira (10), após declarações de Lula, que alimentaram temores sobre o aumento sem controle dos gastos públicos. Mas, cadê Armínio Fraga? Onde está Elena Landau? E Meirelles? Eles não fizeram o L? Por que eles não estão felizes com isso? Ah, eles foram os que venderam sua alma por um prato de lentilha... ops! Por um espetinho de picanha! O Ibovespa, principal índice da Bolsa de São Paulo, fechou em queda de 3,61%, em uma sessão que chegou a operar em baixa de mais de 4%. Enquanto isso, o dólar comercial chegou a R$ 5,39, em alta de 4,10%, a maior desde março de 2020, segundo o jornal Valor Econômico. Contudo, no momento em que o mercado está gritando por socorro, eis que Lula solta esta pérola: “Nunca vi um mercado tão sensível como o nosso. É engraçado que esse mercado não ficou nervoso com quatro anos do [governo] Bolsonaro” Será que esta instabilidade não se deve ao fato de que sem um firme fundamento econômico qualquer país se torna um risco para investidores? Ah, mas não ia ter picanha? E a cerveja? Ah, então está tudo certo, né? A vida de Esaú foi conturbada até o fim, e seus descendentes (os edomitas) tornaram-se, mais à frente, inimigos do povo de Israel, ou seja, dos filhos de Jacó. E tudo começou com um prato de lentilhas, aparentemente saboroso, mas que custou um preço alto demais. Infelizmente, mais de sessenta milhões de brasileiros fizeram o mesmo ao elegerem quem lhes prometeu algo que nunca se cumprirá. Esaú, ao menos, pôde comer. A picanha de quem fez o L, porém, ficará apenas na imaginação. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. I N.º 23

  • Marylin

    Assisti ao filme Blonde, estrelado por Ana de Armas, que vive Marilyn Monroe. Apesar de ser deprimente, sob diversos aspectos, como foi a própria vida da modelo e atriz, a película me fez refletir sobre muitos dos temas que ali são abordados. Filha de uma corista do cinema com pai desconhecido, a menina foi criada em um orfanato, após a mãe ter sido internada em um sanatório, diagnosticada com esquizofrenia. Foi casada com Joe Di Maggio e Arthur Miller, amante do Presidente J. F. Kennedy, viveu um romance com Charles Chaplin Jr… enfim, uma vida cheia de emoções. Com uma trajetória recheada de ausências e carências afetivas (passou a vida em busca de um pai), Norma Jean (seu nome de batismo) não gostava de ser confundida com a personagem que criou. Entretanto, não conseguiu desenvolver uma personalidade e uma identidade própria, que permitissem que fugisse do estereótipo da loira gostosa, tampouco que se mantivesse distante de relações abusivas. O despreparo de Marilyn fez com que o sucesso meteórico causasse-lhe muito mal, e a estrela passou a vida toda considerando-se uma fraude, não merecedora da fama, da atenção e dos elogios que recebia. Queria ser Norma Jean. Mas, quem era, afinal, essa moça? Marilyn não tinha resposta para tal pergunta. O filme é péssimo, sob diversos aspectos. Mostra cenas de aborto, que nunca confirmados na vida real, diálogos com voz infantil, caricaturas da imprensa, divagações de Marilyn... Aliás, é de extremo mau gosto e repleto de vulgaridades, tentando criar uma aura angelical e frágil para a personagem, que teria sido explorada, usada e abusada pelos homens, o que não é, em absoluto, a verdade dos fatos. Esta é apenas mais uma dessas releituras de obras feministas (o filme é baseado no tendencioso livro de Joyce Carol Oates), que faz questão de apresentar Marilyn como uma vítima do machismo e dos homens, de modo geral. Marilyn esteve longe disso. Afinal, fez o que quis, escolheu seus papéis, posou nua logo no início de sua carreira, desfrutou de sua liberdade sexual e valeu-se de sua autonomia financeira. Evidentemente, foi julgada, pelos padrões morais da época, como era de se esperar. O fato de ter se tornado dependente de álcool e medicamentos, também ajudou a manchar a imagem da atriz, que frequentemente foi vista em público drogada e bêbada. O que salta aos olhos, e que já me chamava a atenção na biografia da atriz, é a imagem de ingenuidade que o filme busca passar. A própria Marilyn alimentou tal imagem. Chamava seus parceiros afetivos de Daddy, possuía uma voz doce e baixa, não contrariava quem quer que fosse. Acusada de ter se valido de seus dotes físicos para subir na carreira, soube capitalizar sua imagem e a fama, e ganhou bastante dinheiro. Teve condutas de caráter duvidoso, e após tornar-se dependente de drogas, passou a descontrolar-se em público e nos estúdios. Sobretudo, a mensagem que este filme de quinta categoria me deixou, foi a de que, quando a bonança, o sucesso, o poder e o dinheiro chegam em nossas vidas, precisamos estar prontos. Tudo que pode ser bom, pode, se mal utilizado, ser nossa ruína. Toda moeda tem duas faces. Como disse em meu artigo do fim do ano, White Lotus, fama e fortuna, poder e sucesso, deveriam vir não para quem os persegue implacavelmente, mas para os que farão bom uso destas ferramentas. Porque, no final das contas, deveriam ser isso: tão somente ferramentas, para a evolução pessoal, o impacto positivo na sociedade e o suporte financeiro de quem amamos. Todas as vezes em que essas conquistas são utilizadas para vaidade pessoal, para o alcance de status e a submissão dos outros às nossas vontades, o que se vê é um rastro de destruição e dor. O filme sobre a vida de Marylin é um retrato disso. Uma vida desperdiçada, que poderia ter sido utilizada para coisas nobres e para deixar um legado. E que legado seria esse? Não seria, a toda evidência, o de sex simbol, que ficou colado na imagem da atriz. Descolar-se do personagem, construir uma trajetória baseada em valores sólidos, ter a noção da necessidade de se ter um propósito de vida, e das imperfeições que precisamos superar, a cada dia, não é uma missão fácil. Esta exige renúncias pessoais, evolução da personalidade, autodomínio, para a evitação dos vícios e excessos, o controle do temperamento, o foco em um bem maior… Mas, somente o amadurecimento da personalidade pode trazer-nos as conquistas e as recompensas de que merecemos desfrutar, como seres humanos. A vida madura é solitária. É mais contida. É mais densa e profunda. Mas é mais repleta daqueles bens e riquezas, que nos deixam mais próximos de Deus. Marilyn queria ser aceita e amada. Em troca disso, usou a fama e o dinheiro, teve muitos romances, prostituiu sua personalidade, em busca deste reconhecimento. Pagou um preço alto, tirando a própria vida. Uma vida que poderia ter sido vivida de modo completamente diverso, caso houvesse sentido, propósito e senso de pertencimento, que só há para aqueles que aqui estão, com a clareza de sua missão. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. II N.º 27

  • A Era da Loucura: Pão e Circo

    Durante anos de construção, o cristianismo passou por muitas fases. Costumo dizer que a Igreja Católica é um abrigo de muitas crenças: franciscanos, carmelitas, carismáticos e muitas outras. Vivi o suficiente para dizer que a Igreja se reinventou para conquistar, mesmo pregando que não deve mudar mas o mundo que precisa abraçar a cruz… Na prática, não é assim que funciona, a Igreja escolheu agregar pluralismo do que perder mais “uma alma”. Contudo, se por um lado seu “modus operandi” aparenta uma filosofia altruísta, por outro, pode nos trazer consequências avassaladora se não acontecer respeitando seus pilares de fé: Sagrada Escritura, Tradição e Magistério. O senso comum nos ensina que ao procurarmos agradar a todos, não agradamos a ninguém. “ O falso se dá bem com todo mundo, o verdadeiro não” (Freeman, M). Vale reforçar que, católico ou não, todo cristão é chamado a ser o sal no mundo. Nós somos convidados a dar o verdadeiro gosto a vida, e esse tempero é o próprio Cristo. Evidentemente, não devemos como bons cristãos deixar de acolher mas precisamos entender que o Evangelho é para aquele que deseja o seguir. A busca por Deus não é algo fácil, precisa de abdicação e coragem, como o apóstolo Paulo nos exorta: "mantenham-se firmes, cingindo-se com o cinto da verdade, vestindo a couraça da justiça. (Ef 6, 14). Entretanto, quando não conhecemos a verdade, temos a tendência de criticá-la. Como diria Maurício Lobato “quem mal lê, mal ouve, mal fala e mal vê”. Toda história é a versão de quem conta e algumas vezes distante daquilo que aconteceu. Ou ainda, contada de modo a atender certos interesses. Certamente quando nos rodeamos de amigos ou nem tão amigos com visões distintas, ampliamos nosso campo de visão e passamos a compreender diferentes pontos de vista. Contudo, se não colocarmos nossa razão à luz da sabedoria divina estaremos apenas diante da vã filosofia dos homens. Isso porque a verdade de um, pode não ser a verdade do outro. E mesmo refutando as ideias concebidas pelo senhor Leonardo Boff, preciso concordar que “todo ponto de vista é a vista de um ponto”. Aliás, neste quesito a Palavra de Deus nos mostra que relativizar a verdade é uma heresia, pois a verdade divina é única. Mas essa conversa ficará para um próximo artigo. Como sal do mundo, além de darmos sabor a vida também somos chamados a preservá-la. Então, não podemos nos fechar em nosso “mundinho”, ou pior, optar pela autossabotagem. Isso porque colocaríamos nossa sociedade em degradação. Sintetizando, não temos a escolha de sermos preguiçosos e não buscar pela verdade. Deste modo, somos constantemente chamados a adquirir conhecimento, criar discernimento e ter sabedoria mas essa missão é árdua. Necessita de dedicação e comprometimento. Se formos negligentes, omissos ou desistentes ficaremos a mercê daqueles que detém a informação porque optamos por deixar outro alguém pensar e definir por nós em que podemos ousar acreditar. Infelizmente, parece que perdemos completamente a capacidade de defender nossos argumentos, é mais fácil “cancelar”, “bloquear”, “deixar de seguir”… Nos tornamos uma sociedade das interações superficiais. Que acredita em tudo que se diz, que é fácil de ser enganada, manipulada... Não podemos nos permitir ser meras marionetes do sistema. Uma frase atribuída a Shakespeare diz que “sempre é tempo da peste, quando são os loucos que guiam os cegos”. E parece que justamente estamos vivendo a “Era da Loucura: Pão e Circo”. Alguns meses atrás, me deparei com um site que se define como uma plataforma que busca combater a desinformação. Entretanto, um pouco diferente dos serviços que costumamos nos deparar, esse site específico é um caçador de informações nas redes sociais públicas. Funciona do seguinte modo, salva as informações coletadas em sua base de dados e fornece esse serviço para agentes públicos ou até mesmo empresas privadas. Uma espécie de vigilantes de mensagens e compartilhamentos de informações “públicas” com a missão de salvar a internet das chamadas “fake news”. Serviços desse tipo crescem constante mente porque as pessoas não querem perder tempo para pensar ou pesquisar. Então, fica bem mais fácil alguém “já se dar a esse trabalho, né?” Obviamente, não. Não existe almoço grátis e ninguém faz isso porque é bonzinho. Escolher ser “isentão” em um sociedade tão louca pode ser muito conveniente e trazer até alguma paz. Mas se fazemos isso em nossa vida pessoal, será que não estamos permitindo nossa fé também ficar morna? Lembrando que no livro de Apocalipse somos advertidos “seja quente ou seja frio. Não seja morno, senão te vomito” (Ap 3, 16). Não estou dizendo para ninguém subir ao monte e sair gritando aos quatro cantos do Universo a ponto de perder a cabeça na guilhotina (não é uso de linguagem) mas que façamos nossa reflexão espiritual para entendermos nosso papel no mundo. Será que nesse momento, Deus precisa de um Pedro recolhido e escondido ou de um Pedro preso, perseguido, torturado e crucificado de ponta cabeça? Repito como mencionado no artigo anterior , precisamos de cautela. Mas é necessário identificar quem queremos ser e o que desejamos alcançar nesse e no outro mundo. Portanto, “enquanto a verdade estiver amordaçada, a mentira sequestrará o mundo” (autoria desconhecida), pois “nenhuma quantidade de evidência irá persuadir um idiota” (Mark Twain, escritor EUA). Afinal, “geralmente é inútil tentar apresentar os fatos e análises para pessoas que desfrutam de um senso de superioridade moral em razão da sua ignorância” (Sowell, T). Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. II N.º 27

  • Por que acontecem tantos males no mundo?

    Certa vez minha mãe me confidenciou algo que não entendia: “Por que ainda existem tantas pessoas passando fome no mundo? Por que ainda existem guerras, pessoas morrendo? Não existe a ONU, Unesco, Unicef, todas essas instituições? Então por que tudo permanece como está?” À época eu não tinha o conhecimento que possuo hoje, então não tive uma resposta para dar. Porém, a mesma dúvida de minha mãe era a minha, e de certo, é a de muitas pessoas. A Organização das Nações Unidas foi criada em 1945, em substituição à Liga das Nações, logo após a Segunda Guerra Mundial. É formada por subdivisões que tratam de assuntos mais específicos, como Unesco (Educação e Cultura), OMS (Saúde) e a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura). Com pastas variadas para tratar de assuntos tão importantes, não seria lógico que os problemas fossem amenizados ao invés de piorarem? O que a maioria não sabe é que a ONU não foi criada para resolver problemas: ela é o problema. E nas linhas a seguir tratarei de explicar as razões. Para começar, desde os primórdios da criação da organização, os secretários-gerais são ligados à ala progressista. O escritor David Allen Rivera, em sua obra “Final warning” explica: “Trygve Lie, o primeiro secretário-geral oficial da ONU, foi membro elevado do Partido Trabalhista Social Democrático da Noruega, uma espécie de ramificação da Terceira Comunista Internacional. Dag Hammarmskjold, o segundo secretário-geral, foi um socialista sueco, que abertamente defendia políticos comunistas, e U Thant, o terceiro secretário-geral-, era marxista.” Este último, U Thant, defendia uma nova ordem mundial para a “sobrevivência da humanidade”: “Os federalistas mundiais têm diante de nós a visão de uma humanidade unificada vivendo em paz sob uma ordem mundial justa. O coração de seu programa – um mundo sob a lei - é realista e alcançável.” (citado por Tom Hudgens na obra “Let’s abolish war”) “Pela primeira vez na história da humanidade, nos encontramos presos em uma crise mundial crescente que engloba tanto os países desenvolvidos quanto os países em via de desenvolvimento (...)Torna-se evidente que se as tendências atuais se prolongarem, a vida na Terra poderá estar ameaçada.” Uma das “tendências” a que Thant se refere é a “superpopulação”. Desde os primeiros relatórios e conferências acerca do meio ambiente (chancelados pela ONU), o objetivo era explanar ao mundo que a “superpopulação” seria uma das principais causas do desequilíbrio ambiental. E para diminuir o índice populacional, a elite mundial não tem vergonha alguma de dizer que é necessário matar para atingir tal “equilíbrio”. “Nenhum objetivo é mais crucial do que este (redução populacional) para remediar a crise ambiental (...)” (Relatório “Limite ao crescimento”, produzido pelo Clube de Roma) Eis o que Jacques Yves Cousteau, cineasta, oceanógrafo e inventor, disse em uma entrevista para a revista mensal da Unesco, “Unesco Courrier”, em novembro de 1991: “Todo mundo está convencido disto: o crescimento da população não pode continuar assim, anarquicamente, de um modo canceroso (...) é terrível dizer. Mas é preciso que a população mundial se estabilize, e para isso será necessário eliminar 350.000 homens por dia.” O escritor Pascal Bernardin, em sua magnífica obra “O Império ecológico”, tenta responder àquela pergunta do início do artigo: “O mito da superpopulação facilita, então, os caminhos tomados pelos demônios dos quais a humanidade não tem aprendido a se defender: aborto, eugenia e eutanásia” E nesta lista, incluo a fome. Em 2008, o professor do Departamento de Ciência Política da Universidade do Havaí, George Kent, publicou um artigo interessante no site oficial da ONU, intitulado “Os benefícios da fome mundial”. Eis como o dito professor inicia sua dissertação: “Às vezes falamos da fome no mundo como se fosse um flagelo que todos queremos ver abolido, encarando-a como comparável à peste ou à sida. Mas essa visão ingênua nos impede de entender o que causa e sustenta a fome. A fome tem um grande valor positivo para muitas pessoas. Na verdade, é fundamental para o funcionamento da economia mundial. As pessoas famintas são as mais produtivas, especialmente onde há necessidade de trabalho manual.” E por que este artigo é interessante? Porque ele, assim como a citação de Pascal Bernardin, responde ao questionamento que abre este artigo: não há interesse por parte da ONU e de seus tentáculos em acabar, ou ao menos, amenizar problemas tão graves. Por conta da ambição de uma elite globalista por controle social e populacional, há interesse em manter (e piorar!) situações que ocorrem no mundo. O artigo em questão foi apagado recentemente, pois foi descoberto e difundido em mídias conservadoras. Porém, a organização alegou que o mesmo era um texto “satírico”, uma piada, e que foi apagado por ter sido levado à sério demais. Bom, tratando-se da ONU e de seus afiliados, não é surpresa. Afinal, a única coisa que levam a sério são seus planos de dominação. Pascal demonstra que o homem, a criação prima de Deus, foi rebaixado a um ser coadjuvante sem importância, sem personalidade, sem alma: “Não é mais o homem, criado à imagem de Deus, que se deve defender, mas a Terra, Gaia, a Natureza, as árvores e os animais. Tanto isso é verdade que o homem, abandonado à sua natureza ferida, torna-se facilmente um joguete de forças infernais.” Hoje posso responder à pergunta feita por minha mãe: a fome e outros males permanecem em plena atividade porque eles contribuem para um plano diabólico de dominação que visa destruir o ser humano e beneficiar a elite globalista, que se coloca como dona do mundo e única sociedade que tem direito de viver plenamente. O que chamam de teoria da conspiração acontece debaixo dos nossos narizes. Só não vê quem se recusa a enxergar. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. I N.º 15

  • A Verdade e a Mentira

    Gosto muito da parábola sobre a verdade e a mentira. Ela é bem emblemática, e em tempos sombrios como os que estamos vivendo, nos mostra que é preciso perder a ingenuidade. A estória é mais ou menos assim: A Verdade se encontrou com a mentira, por acaso. A Mentira disse: que lindo dia, não é? A Verdade, desconfiada, foi olhar, e o céu realmente estava azul, os passarinhos cantavam, era um dia bonito. A Mentira estava certa. A Mentira prosseguiu: está bem quente hoje, poderíamos nos banhar no rio. A Verdade teve que concordar que fazia calor, e achou que não havia nada demais entrar no rio com a Mentira. Afinal, ela não parecia tão ruim assim, e estava falando coisas coerentes e corretas. Mal entraram no rio, a Mentira saiu da água e vestiu-se com as roupas da Verdade, fugindo. A Verdade recusou-se a vestir as roupas da Mentira, e saiu desnuda, pelas ruas. Não via por que se envergonhar, havia sido enganada, explicaria sua situação. As pessoas, entretanto escandalizaram-se com a Verdade nua e crua à sua frente, preferindo acreditar na Mentira, vestida de Verdade. E a verdade se escondeu, morta de vergonha e ultrajada, desacreditada e espezinhada que havia sido, e nunca mais apareceu. A Mentira é ardilosa, sedutora, fácil de engolir. Ela desce macia, goela abaixo, e apenas após ser mastigada e digerida, inicia seu processo de destruição. A Verdade, não. Ela é dura, inconveniente, incômoda. Gera mal estar e indisposição, logo que se apresenta. A Mentira, quando chega, precisa do discurso da Verdade. Precisa convencer, encantar e dominar as atenções das pessoas, atingindo em cheio todos os desavisados. E a Verdade? Bem, ela só é convidada a ingressar em círculos bem restritos, onde as pessoas estão preparadas para sua chegada. Porque ela chega de modo abrupto, não sabe seduzir, não é maliciosa, não escolhe as palavras, posto que não aprendeu a enganar. A humanidade, desde os primórdios, sente-se mais confortável em companhia da Mentira, já que a Verdade a retira de sua zona de conforto, é a visita que incomoda desde a chegada e não tem hora para ir embora. A Verdade, coitada, bem que tentou argumentar. Estava sendo ultrajada, vilipendiada e covardemente escorraçada. Fora preterida por um conjunto de mentiras pífias e injustificáveis. Mas, infelizmente, ninguém prestou atenção no que estava dizendo, inebriados que estavam pelas sedutoras e eloquentes palavras da Mentira, que foi alegremente celebrada, e saiu toda elegante (pois as roupas da Verdade lhe caíram muito bem), para jantar fora com os Congressistas, e celebrar sua vitória acachapante. “Realidade é aquilo que existe fora e independentemente de nós e que minuto a minuto nos impõe algo que não desejaríamos saber, algo que preferiríamos que não existisse”. Olavo de Carvalho. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. II N.º 26 e também em Tribuna Diária

  • Para tudo há uma ocasião

    O cristianismo chegou ao Brasil como missão de evangelização da Igreja Católica. Apenas sob a ótica religiosa, podemos afirmar que evangelizar é um ato de fraternidade. Se eu desejo a salvação da minha alma, é normal também desejar o mesmo ao meu irmão. “E, também, ninguém acende uma candeia e a coloca debaixo de uma vasilha. Pelo contrário, coloca-a no lugar apropriado, e assim ilumina a todos os que estão na casa.” (MT 5,15). Deste modo, os jesuítas foram os primeiros catequistas e professores de Pindorama (como os indígenas chamavam o território brasileiro). Os padres jesuítas aprenderam a língua nativa, desbravaram o território de mata fechada, identificaram as tribos e fizeram muitas vezes o primeiro contato do homem branco com o povo nativo. A verdade é que ao longo da história, esse modo de evangelização não nos traz nenhuma novidade. A Igreja Católica desde seus primórdios sempre catequizou usando artifícios, hoje considerados pouco ortodoxos, mas antigamente algo muito comum quando dois povos com tradições diferentes se encontravam: criando um pluralismo religioso ou uma cultura se sobrepondo sobre a outra. Lembrando que a religião antes de ser vista como um evento sobrenatural, sob o ponto de vista material é uma manifestação cultural de um povo. Sabendo disso, não é difícil entender que o catolicismo de hoje não é o mesmo de 600 anos atrás. A Igreja Católica, berço do cristianismo, precisou lidar com a reforma protestante. Época em que perdeu adeptos e a expansão marítima era um modo de disseminar também a fé católica para outras regiões do globo terrestre. Aos poucos a Igreja se modificou, o cristianismo começou a ser entendido com novos aspectos e ser religioso mudou de estereótipos. Podemos dizer que o cristão se modernizou e se abriu a um novo mundo de possibilidades. Mas fica a pergunta: até aonde mudamos nossa essência? Aprendemos a acolher melhor o diferente ou mudamos o cristianismo para não desagradar certos grupos? Como cristãos defendemos a vida ou preferimos nos omitir para não ferir o outro com nossa crença? Como cristãos acreditamos no arrependimento e na remissão dos pecados ou nos rebaixamos a julgar o outro? Como cristãos nos fechamos apenas a criticar nossos “inimigos” ou oramos por eles e para que Deus nos dê sabedoria no falar? Como cristãos falamos com amor e sabedoria ou queremos apenas atacar a visão do outro? Realmente, vivemos tempos sombrios e, sinceramente, acreditávamos que tais tempos não aconteceriam com a brevidade que estão ocorrendo. Não é fácil agir com cautela em um momento que nossa vontade é gritar. Existe uma música que exprime bem esse momento, chamada “O Profeta” que tem como refrão, assim: “Tenho que gritar, tenho que arriscar Ai de mim se não o faço! Como escapar de Ti, como calar Se Tua voz arde em meu peito? Tenho que andar, tenho que lutar Ai de mim se não o faço! Como escapar de Ti, como calar Se Tua voz arde em meu peito?” Como cristãos, devemos levar a verdade ao mundo, é a nossa missão. Mas sigamos o exemplo de Jesus que diante do sacrifício da Cruz se recolheu para oração pessoal, preparou a alma durante 40 dias e noites no deserto. E no momento em que precisou seguir seu chamado já havia preparado o próprio espírito. Então, após compreender a importância da cautela e perante a precipitação de Pedro usou estas palavras: “Embainha a tua espada! Acaso não haverei de beber o cálice que o Pai me deu?” (Jo 18, 11). Enfim, assim como Jesus viveu seu deserto antes de ir para o sacrifício, somos também chamados a preparar o espírito através de momentos de reflexão, de silêncio, de oração pessoal e resguardo. A luta será árdua, não podemos desanimar nem perder as esperanças. “Para tudo há uma ocasião, e um tempo para cada propósito debaixo do céu” (Ecl 3,1). Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. II N.º 26

  • Governação, Publicidade e Canibalismo

    Conta um mito pré-histórico que um ser divino, em forma humana, se deixou imolar pelos membros de sua tribo porque seu corpo guardava todas as sementes de plantas comestíveis, fonte de alimentação humana, e sua morte as faria brotar em especial raízes e árvores frutíferas. Depois deste sacrifício divino/humano, todos os membros da tribo deveriam comer sua carne, para garantir que estes brotos se disseminassem pelo mundo e passassem às gerações seguintes como garantia de abundância de alimento para preservação da vida. Foi o primeiro homicídio autorizado pela mitologia e é o fundamento do canibalismo que se seguiu: o homem come a carne humana para executar a tarefa divina de garantia de expansão do reino vegetal no mundo, para assegurar a perpetuação da existência humana. O horror que o canibalismo causa aos olhos das civilizações modernas levou a utilização desta palavra também em sentido figurado para traduzir, com o mesmo impacto aterrorizante da ação física, as ações políticas de governação que subjugam e maltratam o homem ao longo da História. O uso, neste sentido, foi belissimamente registrado pelo Padre Antônio Vieira: homens, o que me desedifica de vós é que vós vos comeis uns aos outros e como não fora tão grande este mal as circunstâncias ainda o agravam pois se fossem os pequenos que comessem os grandes bastaria um único grande para mil pequenos, porém como são os grandes que comem os pequenos não bastam mil pequenos para um único grande. O padre não falava de grandeza espiritual falava em grandeza no sentido de violência do exercício do poder, que na maioria das vezes são grandezas opostas e inversamente proporcionais. Talvez, se ao longo dos séculos os espiritualmente grandes tivessem exercido o poder de governação, penso que, provavelmente, a humanidade estivesse em situação de maior harmonia e igualde de condições existenciais. O Jesuíta insurgia-se contra o sofrimento humano causado pelo exercício arbitrário e egoísta do poder político que infligia penosa sobrevivência à população enfraquecida pela falta de recursos intelectuais e econômicos para reagir, sobretudo porque o sigilo era a norma de funcionamento do Estado. A advertência feita por este religioso, direcionou o sistema normativo posterior tanto que, para fortalecer a vinculação do uso dos poderes dos cargos públicos à concretização dos objetivos de Estado estabelecidos pelo artigo 3º da Constituição Federal, a saber construção de uma sociedade livre justa e solidária, promoção do desenvolvimento nacional e erradicação da pobreza, dentre outros, a Carta Constitucional instituiu o dever de publicidade como princípio transcendente a todas as ações estatais. É instrumento disponibilizado, aos cidadãos, para possibilitar sua análise sobre a eficiência do funcionamento dos governos e instituições e da devida proatividade entre as pessoas políticas da federação, União, Estados-Membros e municípios, no cumprimento do dever de concretização dos objetivos estatais acima referidos. Esta é uma das razões pelas quais, na redação do artigo 37 da Constituição da República Federativa do Brasil, os princípios da Publicidade e da Eficiência administrativa são associados e possuem a mesma força impositiva. O dever de publicidade dos atos das autoridades públicas, foi uma das bandeiras do liberalismo, fundamentou o movimento constitucionalista no Século XIX, em Portugal e no Brasil. Ocorre que os agentes públicos não se desincumbem do dever de publicidade, dos atos de ofício, com a simples publicação destes no Diário Oficial, esta ação serve mais ao controle institucional do funcionamento do Estado. Para que a publicidade habilite o povo ao exercício do direito de cidadania relativamente ao controle da atividade pública, que é o que se espera das repúblicas democráticas, é necessário que o Estado use a publicidade com o fim informativo de utilidade pública, que inclui o dever de prestação de contas, à população, sobre o uso do investimento que esta realiza, através do recolhimento de tributos. Maiormente porque o objetivo de recolhimento de tributos é angariar os recursos necessários para que os agentes públicos concretizem os objetivos de Estado estabelecidos pela Constituição da República, no mencionado artigo 3º. A publicidade como veículo de prestação de contas à população se faz através de mensagens continuadas de âmbito panorâmico sobre atividades efetivadas pelas autoridades públicas, de modo claro, alcançável, para que qualquer cidadão possa ter uma visão sistêmica do funcionamento dos Poderes e instituições públicas. A divulgação de atos isolados desconectados do contexto em que se concretizam, na maioria das vezes estampando a imagem pessoal do agente publico, distorce a informação sobre a realidade concreta, não permite o conhecimento verdadeiro sobre o contexto e frustra a possibilidade de avaliação sobre a eficiência do funcionamento dos poderes públicos. Esse tipo de propaganda, em verdade dirige a opinião pública e pode, inclusive, servir como propaganda pessoal do agente político, o que não é permitido pelo sistema normativo nacional. A técnica de divulgação de fatos isolados mais oculta do que revela a realidade a que se refere, muitas vezes induz a população a pensar que os agentes públicos atuam com eficiência quando a verdade é exatamente o inverso. Divulgação de fatos isolados, descontextualizados das circunstâncias que o envolvem subverte o dever constitucional de publicidade e o direito do povo à informação. Numa sociedade em que a qualidade da educação é irregular, a maioria do povo não tem acesso ao mínimo necessário para desenvolvimento de visão sistêmica. É o caso de Alagoas, o dever de publicidade estatal exige requisitos específicos, a mensagem publicitária deve transmitir informação real do conjunto de circunstâncias envolventes do objeto da publicidade, de forma honesta, estrutural e circunstancial das ações públicas. A publicidade não pode servir para encobrir resultados negativos, desviar a atenção do cidadão sobre algum elemento negativo a ela relacionado. Somente desta maneira o maior número possível de cidadãos estará apto e livre para formação de sua própria opinião. Apenas este comportamento público assegura o exercício do direito à cidadania, é a única maneira da publicidade funcionar como prestação de contas à população, em retribuição ao dever de recolhimento dos tributos. Enfim, a publicidade é instrumento constitucional assegurado às instituições e ao povo para frenagem do canibalismo no sentido a que se refere o Padre Antônio Vieira, já que o canibalismo no sentido mitológico, de disseminação e brotação de sementes de vegetais para assegurar alimentos suficientes a todos os humanos, revelou-se absolutamente inadequado como atesta a realidade atual do mundo. É de se esperar que o aperfeiçoamento da publicidade, para atrela-la à efetiva mostra do nível de eficiência das ações desenvolvidas pelos agentes públicos para concretização dos objetivos estatais, sirva de fato ao crescimento da democracia brasileira. Democracia somente se concretiza quando o exercício da cidadania conduz aos postos de comado do Estado seres humanos grandes espiritualmente, inteiramente movidos pela consciência humanitária, praticantes da verdade e da lealdade como condição de relacionamento humano. Esperancemos, o processo democrático está em curso.

  • Quinta da Boa Vista

    Nos séculos XVI e XVII, a área onde atualmente se localiza a Quinta, integrava uma fazenda dos Jesuítas nos arredores da cidade do Rio de Janeiro. Com a expulsão da Ordem em 1759, a propriedade foi desmembrada, tendo passado à posse de particulares. Quando da chegada da Família Real ao Brasil em 1808, a Quinta pertencia ao comerciante português Elias Antônio Lopes, que havia feito erguer, por volta de 1803, um casarão sobre uma colina, da qual se tinha uma boa vista da baía de Guanabara – o que deu origem ao atual nome da Quinta. Residência Real Dada a carência de espaços residenciais no Rio de Janeiro e diante da chegada da Família Real em 1808, Elias doou a sua propriedade ao Príncipe regente D. João, que decidiu transformá-la em Residência Real. À época, a área da Quinta ainda estava cercada por manguezais e a comunicação por terra com a cidade era difícil. Mais tarde, os trechos alagadiços foram aterrados e os caminhos por terras aprimoradas. Estação de Trem da Quinta da Boa Vista – Final do Séc. XIX Para acomodar a Família Real, o casarão da Quinta, mesmo sendo vasto e confortável, necessitou ser adaptado. A reforma mais importante iniciou-se à época das núpcias do Príncipe D. Pedro com Maria Leopoldina de Áustria (1816), estendendo-se até 1821. Foi encarregado do projeto o arquiteto inglês, John Johnston, que, além da reforma do paço, fez instalar um portão monumental em sua entrada, presente de casamento do general Hugh Percy, 2.° Duque de Northumberland. O portão, inspirado no pórtico de Robert Adams para a "Sion House", residência daquele nobre na Inglaterra, é moldado em uma espécie de terracota, denominada "Coade stone", fabricada pela empresa inglesa Coade & Sealy. Tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, esse portão encontra-se atualmente destacado, como entrada principal, no Jardim Zoológico do Rio de Janeiro, nas dependências da Quinta. Residência Imperial Com a Independência do Brasil, D. Pedro I encarregou das obras do agora Paço Imperial o arquiteto português Manuel da Costa (1822-1826), posteriormente substituído pelo francês Pedro José Pezerát (1826-1831), creditado como autor do projeto em estilo neoclássico do edifício. O Paço, que tinha apenas um torreão no lado Norte da fachada principal, ganhou outro simétrico, no lado Sul, e um terceiro pavimento começou a ser erguido sobre os dois já existentes. As obras foram continuadas a partir de 1847 pelo brasileiro Manuel Araújo de Porto-Alegre, que harmonizou as fachadas do edifício, seguido pelo alemão Theodore Marx (1857 e 1868). Entre 1857 e 1861 o pintor italiano Mario Bragaldi decorou vários dos aposentos interiores. Após o casamento em 1817, D. Pedro e a Imperatriz, D. Leopoldina, passaram a residir no Paço. Ali nasceram a futura Rainha de Portugal, D. Maria II (4 de abril de 1819), e o futuro Imperador do Brasil, D. Pedro II (2 de dezembro de 1825). Também ali veio a falecer, em 1826, a Imperatriz, de parto. Próximo à Quinta, em um casarão presenteado por D. Pedro I, vivia Domitília de Castro e Canto Melo, Marquesa de Santos, favorita do Imperador, com quem teve vários filhos. Na Quinta cresceu, foi educado e viveu D. Pedro II. Entre as reformas que este Imperador empreendeu na propriedade conta-se o embelezamento dos jardins, por volta de 1869, com projeto do paisagista francês Auguste François Marie Glaziou. No Paço nasceu, em 29 de julho de 1846, a Princesa Isabel, filha de D. Pedro II e D. Teresa Cristina. A República Velha Com o advento da República, a Quinta sediou os trabalhos da Assembléia Nacional responsável pela Constituição Brasileira de 1891. Em 1892, o diretor do Museu Nacional do Brasil, Ladislau Neto, conseguiu que a instituição fosse transferida do Campo de Santana para o Palácio. À época, os jardins conheceram um longo período de abandono mas, em 1909, o presidente Nilo Peçanha mandou restaurá-los e cercá-los, conservando as características que lhe foram dadas por Glaziou. Por outro lado, o palácio foi desprovido de suas características internas originais, destruídas ou vendidas após a Proclamação da República. República O Imperador ainda era uma figura muito popular no momento em que foi deposto, em 1889. Desta forma, os republicanos procuraram apagar os símbolos do Império. Um destes símbolos, o Paço de São Cristóvão, a residência oficial dos imperadores, tornou-se um local ocioso e que ainda representava o poder imperial. Então, em 1892, o Museu Nacional, com todo o seu acervo e seus pesquisadores, foi transferido da Casa dos Pássaros para o Paço de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, onde se encontra até os dias de hoje. Em 1946 o Museu passou a ser administrado pela Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os pesquisadores e suas salas e laboratórios ocupam boa parte do Paço e alguns prédios erguidos no Horto Botânico, na Quinta da Boa Vista. No Horto ainda encontra-se uma das maiores bibliotecas científicas do Rio de Janeiro. Atualmente, o Museu Nacional oferece cursos de pós-graduação ligados à Universidade nas seguintes áreas: Antropologia Social, Botânica, Geologia e Paleontologia, e Zoologia. O Paço abriga a exposição de um dos maiores acervos das Américas de animais empalhados, minerais, coleções de insetos, utensílios indígenas, múmias egípcias e sul-americanas, meteoritos, fósseis e achados arqueológicos. O parque possui uma área de 155 mil metros quadrados, ajardinada em 1869, segundo projeto do paisagista francês Auguste Glaziou a mando de D. Pedro II. A Quinta abriga ainda o Jardim Zoológico do Rio de Janeiro.

  • Direito Administrativo

    Assim como em uma árvore, o Direito possui vários ramos. Temos o Direito Constitucional, que acabamos de estudar, o Direito Administrativo, o Direito Processual e assim por diante. O Direito Administrativo ele trata da administração pública, ou seja, como é feita a sua autogestão e como ela lida com o chamado administrado ou cidadão. Quando falamos em administrar estamos falando em prestar o serviço público em si, ou seja, administração pública é o Poder Executivo. A natureza deste Poder é administrar, podendo realizar uma norma, julgamentos internos, mas a regra/finalidade da administração pública é gerir serviços. A administração pública não pode ser tratada como uma empresa privada, por exemplo, para contratar um funcionário, ela não pode contratar quem ela quiser, precisa realizar um concurso para os melhores qualificados possam ser funcionário e para demiti-los é necessário um processo, como podem perceber não funciona como na empresa privada. O mesmo acontece quando seu administrador quer comprar carros para ser utilizado pela administração pública, por exemplo, para o Conselho tutelar, este não pode ir direto a uma agência de carros e adquirir, deverá realizar um processo, onde ele publicará que precisa comprar determinado tipo de carro e a empresa que tiver o interesse em vender levará uma proposta e o administrador verá o melhor carro com o melhor preço, ou seja, o melhor custo benefício para a aquisição. Este ramo do Direito possui vários Princípios, porém existem alguns são mais importantes, eles estão no art. 37 da Constituição Federal e norteiam a administração pública, são eles: Legalidade A administração pública só fará o que a lei determinar, ou seja, ela não é livre para fazer o que quiser. É um princípio restritivo. Impessoalidade A administração pública não pode fazer as coisas por motivação pessoal, por exemplo, promover um funcionário público por amizade é necessário preencher requisitos para tal promoção. Deve tratar as pessoas com o máximo de impessoalidade possível. Moralidade Neste a administração pública não pode fazer algo que esteja na lei, mas que é visto como imoral. No código de ética muita das vezes traz questões morais. Todos esses princípios geram punição nos casos de descumprimento. Publicidade Tudo que a administração pública faz ou pretende fazer precisa ser publicado, por exemplo, a Polícia Militar está em processo de compra de novas viaturas. O povo precisa saber o valor, a marca, quais empresas apresentaram propostas e qual foi a melhor na questão custo benefício. Outro exemplo, um funcionário será promovido, precisa ser publicado. Todos os atos da administração precisam ser publicados em boletins, diários oficiais para dar transparência, todos precisam saber o que está acontecendo. Eficiência É uma tentativa de dizer que a administração pública buscará tratar da forma mais eficiente possível o serviço. Administração Pública Direta É o próprio governo, por exemplo, o governo federal é a administração pública da União. Força Aérea brasileira é um órgão do governo federal; Polícia Rodoviária Federal é um órgão do governo federal. Esses órgãos não possuem personalidade jurídica, logo em caso de processo será a União e não o órgão. Eles existem para prestar serviços. Administração Pública Indireta Quando cria uma pessoa jurídica para prestar serviço, por exemplo, a Petrobras é uma empresa que possui personalidade jurídica, não é um órgão da União. Os Correios também são outro exemplo de administração pública indireta. Esses podem ser vendidos, por não serem órgãos da União.

  • Méier

    Jardim do Méier – 1916 A ocupação da região começou quando Estácio de Sá, fundador da cidade do Rio de Janeiro, doou aos jesuítas a extensa Sesmaria de Iguaçu, que incluía os atuais bairros do Grande Méier, além do Catumbi, Tijuca, Benfica e São Cristóvão. No entorno de onde hoje é o Méier, os religiosos instalaram três engenhos de açúcar, com o emprego maciço de mão de obra escrava. Mas, quando em 1759 o Marquês de Pombal expulsou os jesuítas, a posse das terras passou para Manuel Gomes, Manuel da Silva e Manuel Teixeira. Em pouco tempo, os três mandaram devastar a vegetação natural para explorar a madeira e, mais tarde, aproveitaram o terreno para o cultivo de frutas e hortaliças. Posseiros e foreiros foram atraídos para os espaços vazios que restaram, o que indiretamente facilitou o processo de ocupação. Escravos alforriados construíram barracos no Morro dos Pretos Forros, também conhecido como Serra dos Pretos Forros, que fica na região próxima à atual Água Santa. Mais tarde, o povoamento se intensificou devido à descoberta de ouro nas proximidades da Rua Frei Fabiano, em especial nas encostas do Morro do Vintém, assim chamado em função do pagamento, com poucas moedas, pelo trabalho no garimpo, tanto de escravos como de homens livres à procura de riqueza. Nome alemão batizou o bairro No século XIX, Jerônima Duque Estrada casou-se com o encarregado pelas roupas da corte imperial, o comendador Miguel João Meyer, descendente de alemães. O primogênito de seus nove filhos, Augusto Duque Estrada Meyer, se destacou como acompanhante do imperador Dom Pedro II, recebendo o título de camarista e extensas terras que se estendiam desde a Estrada Grande, atual Rua Dias da Cruz, até a Serra dos Pretos Forros. O camarista Meyer abriu várias ruas e deu a elas os nomes de parentes, como os filhos Carolina, Frederico e Joaquim. Era o início do atual bairro do Méier, versão aportuguesada do sobrenome Meyer. Por aquela época, a região tinha crescido em importância como polo de abastecimento de alimentos para a cidade do Rio. Já a partir de 1858, quando começaram a circular os trens da Estrada de Ferro D. Pedro II, se tornou mais efetiva a ocupação dos subúrbios que surgiam ao longo da linha férrea e nas redondezas das estações. Após a proclamação da República, ela passou a se chamar Estrada de Ferro Central do Brasil. Em 1879, por iniciativa de Lucídio Lago – que, aliás, também virou nome de rua na localidade –, a Companhia Ferro Carril, com tração animal, chegou à área. O Méier seguiu seu progresso nos trilhos. Uma parte do passado do bairro está ligada diretamente à história dos trens. O aniversário da estação ferroviária do bairro é utilizado como data de fundação do bairro: 13 de Maio de 1889. Foi nos anos 1950 que o bairro passou a ter grandes proporções. Em 1954, o Méier ganhou o Imperator, na ocasião, a maior sala de cinema da América Latina, com 2.400 lugares. Em seguida, foi a vez do Shopping do Méier se instalar no bairro – o primeiro do gênero a ser inaugurado no Brasil. Fontes: http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/leia/reportagens-artigos/reportagens/458-meier-do-ouro-ao-samba#:~:text=Nome%20alem%C3%A3o%20batizou%20o%20bairro&text=Era%20o%20in%C3%ADcio%20do%20atual,da%20Estrada%20de%20Ferro%20D https://diariodorio.com/historia-do-meier-o-orgulho-do-suburbio-e-dos-suburbanos/

  • Variedades

    Sugestões culturais Filme: Deus está não morto Quando o jovem Josh Wheaton entra para a universidade, ele conhece um arrogante professor de filosofia que não acredita em Deus. O aluno reafirma sua fé, e é desafiado pelo professor a provar a existência de Deus. Livro: Portões de fogo O rei Xerxes comanda dois milhões de homens do Império Persa para invadir e submeter a Grécia. Em uma ação suicida, uma pequena tropa de 300 temerários espartanos segue para o desfiladeiro das Termópilas para impedir o avanço inimigo. Eles conseguem conter, durante sete dias sangrentos, as tropas invasoras. No fim, com suas armas estraçalhadas, arruinadas na matança, lutam “com mãos vazias e dentes”. Relatados diretamente ao rei pelo único sobrevivente grego, os fatos são apresentados ao leitor de maneira vívida e envolvente. Mais do que somente com a batalha, o leitor entra em contato direto com o modo de vida desses antigos guerreiros, sua rotina, seus valores, sua coragem, seus ideais. A narrativa empolgante de Steven Pressfield recria, assim, a épica Batalha de Termópilas, unindo, com habilidade, História e ficção. Poema: Música: O Anel Sem Palavras · Richard Wagner (versão de Lorin Maazel) Clique na imagem e ouça Reflexão: Para ajudar a continuarmos com este trabalho, doe qualquer quantia: PIX: 28.814.886/0001-26

  • Entrevista com Presidente da Fundação Biblioteca Nacional

    Editor-chefe da Revista Conhecimento & Cidadania entrevistou o Dr. Luiz Ramiro Jr. atual Presidente da Fundação Biblioteca Nacional. Hoje, estou com o Presidente da Fundação Biblioteca Nacional, professor Luiz Ramiro, o senhor poderia nos contar a história da Biblioteca Nacional? Bom, existe uma história da Biblioteca Nacional no Brasil e existe uma pré-história dela a partir de Portugal. A origem desse acervo é sobre tudo da Real biblioteca que vem com Dom João, dois anos depois da chegada dele no Brasil, ou seja, em 1810, ela é produto de um grande feito de Portugal. Foi a reconstrução a partir do terremoto que se deu em Lisboa no século XVIII, então, a partir dessa catástrofe ocorre um esforço de Portugal para reorganizar suas coleções. A Biblioteca Real é um elemento muito importante da formação do Estado, da formação dos Príncipes, tanto que a Biblioteca Nacional tem a coleção do Infantado, faz parte de uma das coleções da instituição, e isso representa algo muito singular para o Estado, e nós herdamos isso. Dom João quando instaurou as bases de um Estado no Rio de Janeiro, fez algo muito importante no Rio de Janeiro, é a única cidade nas Américas que foi capital de um império europeu, um reino europeu, então é algo de muita dignidade, de uma marca histórica muito importante. E com a vinda de Dom João, com a Real Biblioteca isso, como eu disse dois anos depois da chegada de Dom João a Salvador depois ao Rio de Janeiro, foi 1808 – 1810, isso é alocado por convento caro e depois tem uma série de outros galhos que a biblioteca transita, depois um local que é hoje o prédio da Escola de Música da UFRJ, ali na Rua do Passeio, e em 1910 com cem anos da inspeção o prédio principal, esse prédio sede é construído, é inaugurado, na época o Presidente era Epitácio Pessoa. A Biblioteca em 2010 completou 200 anos, é a principal instituição de cultura do país, foi muito importante na Independência, porque ela representou uma marca dessa transição no modo original de como o Brasil faz suas transições políticas e ela é um grande, na verdade a maior preciosidade da memória Brasileira, então é muita responsabilidade, muita honra gerir essa instituição, mas a dificuldade é muito grande, ela tem uma marca histórica muito profunda, porque não apenas o que ela guarda no país ou da trajetória no uso brasileiro, mas também é uma preciosidade mundial como todo país, com toda nação com pretensão civilizatória como foi Portugal e como Brasil também deve assumir, porque o Brasil herdou isso, nós somos uma civilização tropical, nós temos preciosidades não só para algo ser conscrito a uma nação, mas algo comum, a Biblioteca é um panteão também de uma memória mundial, preciosidades e verdadeiros tesouros que não há em outras partes ou se há é em número limitado, por exemplo, esse ano comemora 450 anos dos Lusíadas, a Biblioteca Nacional tem a primeira edição de Lusíadas, de Luís de Camões e assim por diante, uma série de itens que entram na memória do mundo que é reconhecida pela UNESCO. Um estudo para dizer em outra panorâmica, a profundidade dessa instituição, é marcada por essa vinda de Dom João faz as bases do Estado brasileiro, a organização brasileira, propriamente dita, e depois no momento de Independência Nacional, a Biblioteca foi marcante quando se dá, por exemplo, o reconhecimento de Portugal da Independência do Brasil isso acontece apenas em 1825, três anos depois de quando se proclama a Independência, a Biblioteca Nacional é adquirida está na ATA dos itens adquiridos de Portugal, assim como parte da esquadra que constituiu a esquadra nacional, enfim, vários itens ali de domínio público português são adquiridos fazendo parte desse processo de independência nacional e é por isso que ela tem uma identificação forte com esse momento, não é à toa que todos os demais anos de comemoração da Independência nacional, a Biblioteca ocupa um espaço de relevância, isso foi nos seus 50 anos, sobretudo nos 100 anos, em 1922, a comissão do centenário funcionava dentro da Biblioteca Nacional, onde a Câmara dos Deputados, no âmbito Federal, estava alocada devido a uma reforma no Palácio Tiradentes, isso mostra a importância. Em 1972 foi um momento de aproximação do Ministério, a época, da Educação e Cultural, com o Diretor Executivo, antigamente não havia Presidência, porque não era Fundação, apenas em 1990 a Fundação é constituída, enfim, importante identificar e que as pessoas saibam e conheçam essa importância. Para incentivar a leitura, na sociedade atual, qual a importância da Biblioteca Nacional? A Biblioteca tem um caráter próprio, ela é única, há apenas uma Biblioteca Nacional, por mais que ela possa e deva ser versada de diversas maneiras ela pode ter uma desterritorialidade, a gente pode pensar em Biblioteca Nacional em outro espaços, isso é até bom, ela é sediada no Rio de Janeiro, mas ela presta um serviço a todas as pessoas e ela expressa essa importância não só pelo acervo físico onde um pesquisador ou leitor pode encontrar, porque ela tem a memória bibliográfica brasileira, o que significa isso? Toda obra publicada no Brasil tem pelo menos dois exemplares dentro da Instituição, essa é uma obrigatoriedade legal, quando uma editora pública um livro tem que ter, assim como ela é um receptáculo de diversas doações, não sou aquilo que veio com Dom João e foi aperfeiçoado depois do período imperial, mas foram feitas doações e aquisições importantes, acervos muito importantes que são objetos de pesquisas, são objetos de interesse de estudantes, etc, ela é uma referência, ela serve de base para pesquisas originais, então eu falava outrora, como por exemplo, nesse período de fechamento de instituições, período de pandemia, a Biblioteca Nacional nós não temos a dimensão de quantas teses, dissertações e de trabalhos de conclusão de curso que ela salvou, porque estava tudo fechado mas ela tem uma plataforma digital em que as pessoas acessam quase todas os jornais publicados no país, um série de obras clássicas, uma série de obras que marcam a cultura nacional e mundial acessíveis em sua plataforma digital, não à toa isso faz que o acesso ao espaço digital chega em 100 milhões, em 2020 teve mais de 100 milhões de acessos ao ano, isso é muito forte, então, representa essa demanda que a instituição já tem como ela presta o serviço, a sua importância, tanto de ordem especializada, que vai desenvolver um estudo mais apurado sobre algum tema, como também para um série de serviços gerais, como o Brasil precisa ser exposto para além de suas fronteiras, por exemplo, a Biblioteca Nacional é recorrente, quando um Consulado ou Embaixada quer fazer uma exposição sobre a História do Brasil, os acervos primordiais são da Biblioteca Nacional, então nós somos provocados a versar esse conteúdo em forma digital e claro na presença de pesquisadores e leitores ela é muito importante, como, um acesso público ao seu conteúdo, isso acontece através de agendamento, isso precisa ser explicado, como o caráter dela é um caráter de guarda, a atribuição é essa, não só recolher o material que é publicado no Brasil e aquilo que é de interesse nacional, temos programas de aquisição digital, como o Projeto Resgate, que aquilo que fala sobre o Brasil no mundo, como também outra atribuição precípua da instituição é a guardiã da memória, então, para ser guardiã é preciso fazer uma devida proteção, é um cuidado de rotina, cuidado nos mais diferentes sentidos, combater todos os riscos de incêndios, como combater todos os riscos de ataques, combater todos os os riscos de roubos, etc, isso gera também muitos cuidados, muitos protocolos a acesso, etc, por mais que a biblioteca tenha suas partes de franco acesso ao público, como por exemplo a Biblioteca Euclides da Cunha que é uma biblioteca de acesso ao público franco, temos também um espaço de leitor, uma sala de leitura, que sendo frequentada por grandes intelectuais, Carlos Drummond de Andrade tinha quase que uma cadeira cativa, era muito frequente, etc, então, também é um espaço também de leitura, mas seu fim fundamental é recolhimento daquilo que é produzido, a memória bibliográfica, textual, principalmente, mas também digital, como também aquilo que compreende uma difusão desse material através de pesquisa, através de leituras especializadas, e tudo mais, é aquilo se isso não é bem produzido, bem guardado, é difícil pensar em um conteúdo que possa ser versado num bom livro didático, num bom livro de pesquisa, porque é preciso ter o ano, que é uma pesquisa, que é um documento, é um livro que precisa ser protegido, precisa ter uma guarda perpétua, permanente, então é um ambiente público, para os brasileiros, para aqueles que tem interesse nesse conteúdo. Para finalizar, eu gostaria que o senhor falasse também sobre, se você acha que tem uma degradação na cultura, no costume de ler, e como que a Biblioteca Nacional poderia ajudar ou até mesmo combater e resguardar esse costume? Essa é uma preocupação geral, porque há uma crise civilizatória, essa crise inclusive supera muitas, até de atritos políticos, se a gente pensar no problema dessas instituições, como as universidades também, é um problema civilizatório, uma crise muito grande, nas instituições de educação e cultura e é preciso salvar essas instituições, porque elas tem um caráter permanente, elas tem um cuidado com aquilo que é permanente, há muitos vícios e houveram muitos vícios nas suas conduções e nas suas gestões e na maneira que elas foram apresentadas e como elas são apresentadas ao público, isso gerou um descompasso, então há um distanciamento, um desapreço pela alta cultura, isso promovido justamente por instituições também, você vê a linguagem sendo desfeita, o modo como um apelo muito forte pelo uso da neutralidade, vamos ser bem francos, "todes", por exemplo, virou uma base geral de catedráticos, professores universitários, isso é antagônico aquilo que se produziu em relação a alta cultura, porque não é para ser uma coisa inacessível, mas é porque é preciso apresentar um caráter hierárquico para as coisas, as coisas funcionam dessa maneira, é a natureza das coisa, isso não é para oprimir ou diminuir ninguém ao contrário, é para mostrar que há um processo de civilização, processo de evolução mesmo, sem menosprezar ninguém, mas dizer que há um esforço, uma dedicação para que algo seja bem cultivado, as coisas funcionam dessa maneira, nós temos um processo de desnaturação, de crise, porque há uma pressão, por uma espécie de igualitarismo, que massacra essas noções mais sensatas do que significa cultura, então é pensar como Machado de Assis, figura talvez ímpar na nossa cultura, negro, gago, filho de lavadeira, enfim com todas as dificuldades, mas ele elevou a cultura e mostrou é aqui que tem que se chegar, é aqui que tem que ser, alçar voo. Poderia muito bem, não faria isso, mas poderia equalizar as coisas no nível do resto do chão e não tornaria a letra que ele desenvolveu, a linguagem que ele desenvolveu, algo tão alto que todos queriam chegar até lá, esse é o propósito, mas uma vez, isso não é para criar andores inacessíveis, muitas vezes essas discussões elas formam, elas desenvolvem apenas na sua arquitetura esse tipo de imagem ética, o desafio é mostrar que esse tipo de situação deve servir para criar uma referência, você olhar aquilo como algo bom que vai aproximar do belo, do sensato, do perfeito, é por isso que a gente quando vê uma obra de arte, uma pintura, como algo que atinge um senso muito profundo na alma, é um desafio apresentar isso como algo bom, dentro de uma pressão supostamente democrática que equaliza as coisas de modo que confunde, cria mais confusões do que na verdade noções claras de como devemos encarar, enfim, que corresponde a educação, cultura, intelectualidade, tudo mais, eu diria que vivemos num momento muito complicado em relação a isso, que não é um fenômeno brasileiro, é um fenômeno mundial, isso se dá em diversos países, em diversas instituições, isso confunde um pouco as pessoas e penso que distancia o cidadão, as pessoas em geral daquilo que deve ser cultivado, porque se qualquer coisa é qualquer coisa, você não tem uma noção clara do que é mais precioso, então qualquer coisa, nós banalizamos, esse é o grande drama. Tem uma série de motivos porque isso aconteceu, enfim, espetacularização das coisas, um desenfreado fenômeno de democratização que teve seu lado positivo que geram um acesso amplo, e isso é fruto também de uma sociedade de massa é um processo de transformação cultural, especialmente do pós-guerra, mas que entrou em certos desafios de como condicionar esse amplo acesso, que é algo muito positivo, essa forma como todos podem encontrar essa elevação, ou aquilo que é de fato uma organização do pensamento que é mais elevado, não é simples resolver esse problema, mas isso está nas instituições e está na forma que as pessoas lidam com as instituições de cultura, de educação, especialmente, se não resolvermos isso a gente entra em uma enrascada, como temos entrado e entramos em contradições, porque não adianta nós compararmos se há 100 anos atrás o Brasil tinha, não me vem a mente agora os números precisos, mas se tínhamos uma quantidade expressiva da população analfabeta, mas hoje você tem uma quantidade expressiva de leitores, mas analfabetos funcionais é quase que a maioria, as pessoas não conseguem interpretar os textos, leituras muito fluidas, muito rápidas, sem nenhuma densidade, então quiçá o grau cultural que nos atinge seja inferior hoje do que a 100 anos atrás, quando se tinha menos dinheiro, menos recursos, isso se vê claramente o que nós produzíamos há décadas e até séculos atrás e o que tem se feito hoje com muito mais dinheiro, muito recurso, muito mais polpas, muito mais espetáculo, pouco desperdício se tem, não é um choro, um lamento saudosista, é uma visão do destino que nós estamos construindo, essa não é uma discussão simples, é um labirinto entrar nisso aqui, porque não é fácil, ao contrário, nós podemos resvalar em certos francos, coisas muito perigosas, mas ela precisa ser feita, ela precisa ser aguçada, porque as pessoas procuram essa elevação, parece que não, mas elas procuram, e se não há uma coisa muito clara no sentido disso, a gente se perde, então uma pergunta que você fez, incluindo no geral, o que a Biblioteca pode fazer? A Biblioteca precisa proteger o seu lugar, proteger sua memória, que é a memória do país, a memória do mundo, ela precisa apresentar aquilo que é canônico, aquilo que é clássico, aquilo que é exemplar, então, nós fazemos isso no cuidado que nós temos com os literários, no cuidado que nós temos em relação ao Prêmio Camões que é feito com Portugal, o cuidado que nós temos nos patrocínios a literatura que é traduzida para fora, no cuidado que é feito com as pesquisas que é feita aqui, no cuidado em relação a toda curadoria de acervo e tudo mais, nos projetos que temos, por exemplo, de recomendar uma literatura clássica para o público juvenil e tudo isso resguardando e consolidando esse papel, é preciso ter um lugar que mantenha essa preciosidade, essa noção de elevação, mais uma vez, sem regozijo, orgulhoso mas sem se achar mais que os outros, muito pelo contrário, todos aqui, nós servimos os demais, dentro de um propósito de cultivo e de demonstração de uma exemplaridade. Assista ao vídeo da entrevista

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