
MENEZES COSTA
"Com conhecimento se constrói cidadania!"
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- Luz na praça
Sal na política Ser cristão não é apenas uma identidade professada entre quatro paredes ou reservada ao domingo. O chamado de Cristo é integral — ele transforma não só o íntimo do coração, mas também a forma como nos relacionamos com o mundo à nossa volta. Ser cristão fora da igreja é viver com coerência, integridade e compaixão em todos os espaços: no trabalho, na família, na sociedade e também na política. A verdade é que o ser humano civil é indivisível do ser humano religioso. Fé e razão não são polos opostos, mas dimensões complementares do nosso ser. Nossa fé molda nossas escolhas, princípios e ações. Fingir que podemos separá-la da vida pública é negar a própria essência daquilo que cremos. Ninguém abandona sua identidade ao votar ou participar da vida em sociedade. Por isso, não é incoerente que a fé cristã inspire decisões políticas ou sociais. Pelo contrário: o amor ao próximo, a busca pela justiça e o cuidado com os vulneráveis são princípios que, quando vividos com autenticidade, contribuem para uma sociedade mais justa e humana. Essas diretrizes devem sim influenciar as nossas decisões públicas, inclusive na hora de votar e de se posicionar. A fé cristã ensina que devemos ser sal da terra e luz do mundo. Mas como cumprir esse chamado se nos calamos diante da dor, da injustiça e da degradação moral que corrompe nossa sociedade? Está mais do que na hora de os cristãos assumirem com coragem seu papel — não com imposições, mas com presença firme, com voz, com ações. Quando deixamos de participar, outros moldam o mundo por nós — muitas vezes em direções contrárias ao que acreditamos. Vivemos tempos em que muitos transformam ideologias em fantasias, ignorando a realidade concreta que nos cerca. E, enquanto isso, vidas reais estão sendo destruídas. Bebês indefesos, que deveriam ser protegidos, são mortos todos os dias. Essa realidade expõe a doença moral de uma sociedade que perdeu a sensibilidade pela vida. A cultura do descarte, como chamou o Papa Francisco, banaliza a existência humana e relativiza valores fundamentais. A indiferença se tornou um escudo para não enfrentar o que é desconfortável. Dizer a verdade, hoje, exige coragem. Muitos cristãos preferem o silêncio por medo de serem julgados ou rotulados. Mas a luz que Deus colocou em nós não foi feita para ser escondida. Ser cristão na sociedade não é impor dogmas, mas viver com firmeza e amor os valores que professamos. É assumir quem somos sem medo ou vergonha. A política, quando orientada por princípios éticos e humanos, pode ser um espaço poderoso de transformação. O cristão que se engaja nesse campo com humildade e serviço pode contribuir para políticas públicas que promovam o bem comum, respeitem a dignidade humana e protejam os mais fracos. Ser cristão fora da igreja é, portanto, estender o altar até as calçadas do cotidiano. É transformar convicção em ação, oração em postura, doutrina em presença. Nossa fé não é estática: ela pulsa, se move, transforma. E o mundo precisa ver isso. Estamos diante de uma sociedade adoecida — afetada por relativismos, polarizações vazias e uma crescente perda de propósito. Mais do que nunca, é urgente que cristãos se posicionem com verdade, graça e ousadia. O Evangelho é atual, vivo, e tem respostas para os desafios de hoje. Isso não significa sermos perfeitos, mas sim disponíveis. Deus não chama os capacitados, capacita os que se dispõem. Cada cristão, onde quer que esteja, pode ser instrumento de paz, justiça e reconciliação. Seja num cargo público ou numa conversa de esquina, podemos testemunhar a verdade com amor. Este é um chamado: cristão, não se esconda. Sua fé não é um detalhe da sua vida — é seu alicerce. O mundo não precisa de vozes neutras, mas de vozes firmes, guiadas pela luz de Cristo. Honre sua identidade com coragem. Não se cale diante da mentira, da destruição da vida, da inversão de valores. Levante-se pela verdade, lute pela vida, defenda os inocentes. Como disse Jesus: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça”. Que sejamos esses. Por fim, lembre-se: a fé que não se traduz em ação é incompleta. Que possamos ser cristãos de segunda a segunda, da igreja à praça, do lar ao parlamento. Com convicção, com ternura, com integridade. O mundo precisa ver Cristo em nós — não apenas no que dizemos, mas em como vivemos. Nos ajude a continuarmos publicando artigos como este, participe da nossa vaquinha virtual . Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. IV N.º 55 edição de Junho de 2025 – ISSN 2764-3867
- Pedro de Alcântara
A impetuosidade liberalizante Alcançarmos o último elemento da tríade estruturante do processo que conduziu à independência do Brasil, o evento que marcou a ruptura política entre Brasil e Portugal. Não poderíamos fazê-lo sem conhecer a personalidade de D. Pedro I do Brasil. Fecharemos os textos introdutórios e biográficos com aquele que se tornou o ícone da Independência, obtendo por óbvio maior visibilidade no desenrolar dos fatos históricos. Era o início da manhã do dia doze de outubro de 1798, o outono mal começara no hemisfério norte, e no palácio de Queluz em Lisboa, nascia o quarto filho do príncipe regente D. João VI e de Carlota Joaquina: Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim. A priori não caberia ao menino Pedro o trono de Portugal, mas sim a seu irmão, Dom Francisco Antônio, mas, o destino se impondo aos fatos, proporcionou a mudança nos rumos da história de Portugal. Com o falecimento do primeiro varão em 1801, os Braganças dirigiram suas expectativas a Pedro que viria se tornar D. Pedro IV, 28º rei de Portugal. Com a morte de Francisco Antônio, Pedro recebe o título de Príncipe da Beira e entra na linha sucessória ao trono português como figura imediata. A preparação formal do jovem Pedro foi iniciada já aos cinco anos de idade, quando José Monteiro da Rocha é nomeado seu tutor. O astrônomo, matemático e reitor da Universidade de Coimbra iniciou a formação do menino Pedro, que foi continuada posteriormente por jesuítas e seus tutores. De modo geral e apesar dos contratempos que se sucederam, sua formação permitiu a boa leitura e escrita do português, do latim e do francês, além da compreensão do inglês e do alemão. Dentro do que na atualidade entenderíamos como grade acadêmica, foi conduzido pela matemática, história, geografia, avançando pelas artes políticas e música. Não sendo adequado comparar seu grau de preparo formal com o de sua futura esposa Dona Leopoldina de Áustria, tendo ambos recebido as noções adequadas à época, para o jovem Pedro as circunstâncias familiares e de sua própria vida não permitiram a mesma amplitude de formação de sua esposa. No contexto familiar a historiografia registrou a clara disfuncionalidade do casamento de seus pais. D. João e Carlota Joaquina tinham personalidades diferentes em nível abismal. Se D. João era introspectivo, reflexivo e contemporizador; Carlota se mostrava altiva, intransigente e ambiciosa. Tais diferenças produziram tamanhas divergências, que levaram o casal a residir em palácios diferentes e se encontrarem apenas em eventos oficiais. Também conhecidos eram os casos extraconjugais de Dona Carlota, o que causava ainda mais escândalo entre ambos, ao mesmo tempo em que D. João mantinha com seus filhos uma relação amorosa, porém sem expansivas manifestações de carinho. Todo esse conjunto de fatores não passaria sem deixar marcas na personalidade de D. Pedro e que, quando somadas às quebras de continuidade que o destino lhe apresentou, ao fim permitirão ao leitor um entendimento mais amplo dos elementos condutores da história brasileira no início do século XIX, intrinsecamente ligada à figura de nosso primeiro Imperador. Em 1807, já sob as ameaças de Napoleão Bonaparte, do Bloqueio Continental, da iminente invasão de Portugal, Pedro é transferido junto à sua família e boa parte da corte portuguesa, vindo se instalar no Rio de Janeiro. A mudança de país também não passaria incólume na trajetória de nosso futuro imperador. A distância da metrópole e as adaptações da cultura portuguesa à realidade colonial, somadas às necessidades de miscigenação para efetivação da ocupação do imenso território brasileiro, produziram um tipo original de cultura, como se dos trópicos houvesse brotado uma cultura portuguesa mais flexível e livre. O menino Pedro, dividido entre os deveres oficiais de herdeiro do trono e os irresistíveis chamamentos das ruas do Rio de Janeiro, tantas vezes foi repreendido por seus tutores por fugir às aulas, buscando o convívio e as brincadeiras com os pequenos como ele, porém filhos de escravizados. O preparo formal, as instabilidades familiares, a convivência próxima com o povo e a realidade das ruas, possivelmente forjaram na personalidade de Pedro um tipo diferente e mesclado de líder político. Podemos oferecer ao leitor dois exemplos que demonstram os aspectos conflitantes presentes na figura de D. Pedro. Quando do evento conhecido com o Dia do Fico, diante da felicidade da população com a permanência do Príncipe Regente no Brasil, os circunstantes mencionaram a ideia de desatrelar os cavalos da carruagem que o conduzia e puxarem eles mesmos pelas ruas, em resposta disse D. Pedro: “ Ofende-me ver os meus semelhantes dando ao homem tributos apropriados à divindade. Eu sei que o meu sangue é da mesma cor que o dos negros” . Poucos anos depois, em 1824, durante a Confederação do Equador, revolta liberal que ocorreu em Pernambuco, com reflexos na Paraíba e no Ceará, o imperador profundamente contrariado esbravejou questionando “o que estavam a exigir os insultos de Pernambuco? Certamente um castigo, e um castigo tal que se sirva de exemplo para o futuro”. São visíveis dois lados de um ente repleto de conflitos e idiossincrasias como qualquer ser humano. O liberalismo desenvolvido por suas vivências e leituras, e o absolutismo herdado de sua herança cultural familiar, deixavam antever os altos e baixos de sua liderança frente aos desafios encontrados no Brasil. Seu casamento em 1817 com Leopoldina de Áustria foi, como adiantamos no artigo anterior, uma aliança arranjada entre as duas casas reais (Bragança e Habsburgo). A presença de Leopoldina e seu amantíssimo coração, além de seu preparo para as questões de Estado, trouxe o equilíbrio e a constância que D. Pedro possivelmente carecia. Entretanto a personalidade livre e passional de D. Pedro, demonstrada pelos registros de seus casos amorosos que escandalizavam a sociedade da época, não por serem incomuns aos homens daquele período, mas pela aparente despreocupação em ocultar tais infames deslizes, tornavam sua atuação ainda mais dramática. Os sofrimentos morais dirigidos à imperatriz, a influência de sua mais famosa e longeva amante, Domitila de Castro Canto e Melo, a Marquesa de Santos, assim como as influências subjacentes dos amigos e parentes da Marquesa, praticamente levaram à ruína a imagem e a autoridade de D. Pedro enquanto Imperador. Por outro lado, a dignidade com que Dona Leopoldina se manteve, se elevando acima das questões pessoais e dando provas de sua posição como figura de Estado, levaram D. Pedro à profundas reflexões e correções de rumo em seu futuro. Após a morte de Dona Leopoldina em 1826, o imperador buscou agregar aqueles valores que testemunhara e que possivelmente não valorizara, o que causou ganhos maiores à sua personalidade e ao povo português, que a qualquer possibilidade de reconstrução de sua imagem perante a população brasileira e sua elite política. Em suas segundas núpcias com Amélia de Leuchtenberg, uma princesa alemã dentre as mais preparadas para as exigências de uma figura de Estado, após muitas propostas recusadas e negociações de difícil concretização, em razão da fama que já corria entre as cortes europeias em relação à moralidade do Imperador brasileiro, finalmente o consórcio foi formalizado em 1829. O Imperador recebia como esposa a mulher que recebeu como seus os cinco filhos de D. Pedro com Dona Leopoldina. Possivelmente o mais tocante relato da amorosidade de Dona Amélia para com seus enteados, seja demonstrado em trecho de sua carta de despedida, dirigida ao menino Pedro II com apenas cinco anos de idade. Dona Amélia partia na companhia de Dom Pedro I rumo a Portugal e assim se expressou: “És o espetáculo mais tocante que a terra pode oferecer! Quanta grandeza e quanta fraqueza a humanidade encerra, representadas por ti, criança idolatrada: uma coroa, um trono e um berço! A púrpura ainda não serve senão para estofo, e tu, que comandas exércitos e reges um Império, ainda careces de todos os desvelos e carinhos de mãe. (...) Dorme, criança querida, enquanto nós, teu pai e tua mãe de adoção, partimos para o exílio, sem esperança de nunca mais te vermos... senão em sonhos. Adeus, órfão-imperador, vítima de tua grandeza antes que a saibas conhecer. Toma este beijo, e este... e este último. Adeus para sempre, adeus!”. A presença de José Bonifácio, um dos grandes intelectuais da história do Brasil e de Portugal, e sua influência liberal ao lado do Príncipe Regente e posterior Imperador, completaram o conjunto de fatores e valores que moldaram a personagem maior da Independência de nosso país. Não queremos dizer que D. Pedro fosse um homem conduzido por ideias alheias, mas que o cadinho de ideias e influências que recebeu, associadas à sua essência inata, proporcionaram o equilíbrio que levaram ao desenrolar dos fatos da maneira como ficaram registrados em nossa história. Nos momentos mais decisivos Bonifácio esteve direta ou indiretamente presente. Momentos como a exigência das cortes quanto ao retorno de D. Pedro a Portugal; as viagens pacificadoras pelas províncias, especialmente São Paulo e Minas Gerais; a formação de seu Ministério, as cartas enviadas por Bonifácio ao Príncipe com aconselhamentos. Inegável que D. Pedro pôde contar com valiosos auxiliares e coadjuvantes. Entrementes, nem mesmo o valor de Bonifácio pôde fazer frente ao coração apaixonado de D. Pedro. O relacionamento com Domitila de Castro acabava por desvirtuar os ideais ou ao menos causar ruídos indesejáveis à atuação de D. Pedro como Príncipe Regente ou Imperador. Assim, a incompatibilidade de ideais afastou temporariamente a Bonifácio e D. Pedro. Ambos só haveriam de se aproximarem novamente no evento da abdicação e partida do Imperador para Portugal, nos eventos de recuperação da estabilidade política de Portugal e das batalhas que transformaram nosso D. Pedro I do Brasil em D. Pedro IV de Portugal. Outro caractere que gostaríamos de destacar neste artigo, são os ideais de D. Pedro I quanto a questão da abolição da escravidão, algo que segundo biógrafos se repetiu em seu filho Pedro II, e em sua neta Isabel. Ideais que aparentemente foram tolhidos pelas forças econômicas e aristocráticas da época. A questão da libertação poderia ter sido resolvida muito mais cedo do que foi, se a sugestão de José Bonifácio tivesse sido incluída na Constituição de 1824, conforme destaque do texto do pesquisador Raul de Andrada e Silva. “(...) Cumpria prover a assimilação social dos negros forros, tanto quanto a sua libertação. Daí a medida consubstancial no art. X do projeto, segundo o qual a todos os pretos forros que não tivessem ofício ou modo outro de ganhar a vida atribuiria o Estado uma pequena sesmaria para o cultivo e recursos para a exploração da mesma, devendo tudo ser pago a prazo.” O artigo do projeto não foi incluído na Constituição, mas se manteve vivo e presente em D. Pedro. Em 1834, quando já estava envolvido nas lutas de que culminaram com a expulsão de seu irmão D. Miguel e na entrada em vigor da Carta Constitucional portuguesa, D. Pedro escreve uma carta aberta ao povo brasileiro onde diz que a "Escravidão é um mal, e um ataque contra os direitos e dignidade da espécie humana, porém suas consequências são menos prejudiciais para aqueles que sofrem no cativeiro do que para a Nação cujas leis permitem a escravidão. Ela é um câncer que devora a moralidade". Ainda no ano de 1834, em 24 de setembro, D. Pedro IV de Portugal perde a luta para a tuberculose e morre aos 35 anos e sua filha Maria da Glória (Maria II de Portugal) assume o trono português. Não nos pareceria honesto limitar a personalidade ou atos de D. Pedro I a rótulos tais como ‘liberal’ ou ‘absolutista’. De igual modo associar sua conduta ante o matrimônio como exclusivamente libertina ou desregrada limitaria extremamente a persona do homem Pedro de Alcântara. Inegável que muitas de suas ações se adequavam às circunstâncias, equilibrando-se entre ceder e reprimir, se ajustar às ordenanças do cargo e romper as comportas de sua impetuosidade. D. Pedro foi o instrumento vigoroso do rompimento dos laços políticos entre Brasil e Portugal, mas cremos que ao longo do caminho, os eventuais erros tenham sido debitados às suas decisões em se deixar conduzir por uma de suas características formadoras, em detrimento de qualquer outra. Ainda assim, D. Pedro de Alcântara nos deixou como legado a liberdade, que se alguns detratores defendem ser um dos primeiros limitantes da autodeterminação do povo brasileiro, visto ser oferecido por graça, nós outros entendemos como o instrumento divino para a consecução de um país multiétnico, culturalmente rico e acolhedor, que alcançou a liberdade sem a necessidade de um morticínio fratricida. Finalizamos dizendo que D. Pedro I é culpado de ser o primeiro exemplo em nosso país de um governante que circulando entre o povo, mostrando a seu povo uma identificação mútua. Culpado de ter conquistado a liderança e o respeito pelo mérito de estar presente, de se mostrar tal como é, de defender à custa da perda do poder os ideais de liberdade. Culpado de ser humano a ponto de errar, mas pronto a corrigir seus atos e palavras em prol de um ideal maior. Finalmente culpado de espontaneamente deixar o país que aprendera a amar, quando não mais percebia em seu povo o respeito e admiração de outrora. Antevendo o futuro, hipoteticamente não pareceria absurdo se naqueles tempos D. Pedro I houvesse pensado preferir perder o poder pela escolha de seu povo, que perder seu povo por escolher o poder. Tal é a essência dos grandes e verdadeiros estadistas, são homens ou mulheres com esta essência que devemos escolher livremente por nossos líderes. E que assim seja... Nos ajude a continuarmos publicando artigos como este, participe da nossa vaquinha virtual . Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. I N.º 17 edição de Agosto de 2022 – ISSN 2764-3867
- “Todo o poder emana do povo”
O artigo primeiro, parágrafo único de nossa constituição, nos traz esse belo jogo de palavras. E por que eu escrevo com este tom reflexivo? Simples, está na hora de compreendermos algumas considerações… Se o poder emana do povo, o que o povo realmente pode? O que daria este poder ao povo? Podemos considerar que conhecimento é poder? Em fim, são muitas as considerações, porém, quero propor uma pequena reflexão neste texto. Segundo a tradução cristã baseada na Bíblia Sagrada, Jesus, disse: “Meu povo sofre por não ter conhecimento” A partir desta afirmação podemos compreender que conhecimento é poder, pois um povo que sofre é por que tem pouco ou nenhum poder. Poder pressupõe que se pode algo, e se, emana, é por que tem origem no objeto. (povo) Onde quero chegar? O poder é uma ferramenta que pode ser usada para o bem, ou para o mal; por tanto se a fonte está contaminada o que emana dela certamente também está. Nesse caso, analisando a condição do nosso povo sendo ele a fonte do poder, que é uma ferramenta, como está sendo usada esta ferramenta? E se esta ferramenta for usada por outra pessoa que saiba exatamente como usá-la e não tenha um bom caráter? Nossa carta política afirma que este poder ou esta ferramenta será usada por algum representante, mas e se esse representante também não souber usá-la? (Visto que muitos males são causadas não por pessoas más, mas por pessoas ignorantes) E mais, que poder tem um povo que não conhece sua história? Que poder tem um povo que tradicionalmente coloca a solução dos seu problemas nas mãos de terceiros. Que adianta ter um "Sansão" ao nosso lado se ele está com o "cabelo cortado"? Assim, ter poder concedido sem que se tenha sabedoria para usá-lo, é o mesmo que ter uma arma e não saber como usá-la para defender-se e com risco de ainda colocá-la nas mãos do inimigo para seu uso nosso favor; faz sentido? Nós vangloriando de ter uma teoria de que o poder emana de nós, mas se temos o poder por que vivemos como se não o tivéssemos? Veja, se vamos entregar o poder nas mãos de alguém, que seja esse alguém, uma pessoa capaz de usá-lo de maneira correta. Nestas linhas quero iluminar o princípio do uso do nosso poder, e assim estarmos a altura do mundo que queremos. É hora de termos a consciência de que nós temos o que o mundo precisa e não ele o que precisamos. E como criamos essa consciência? Boa leitura, boa cultura, bons pensamentos e uma boa dose de patriotismo, esse é um bom começo. Temos em nossa revista um espaço para dicas de boa cultura e é no caso, o início de um processo para qualificarmos nossas escolhas. Como tudo na vida, a escolha é uma lei que uma vez ignorada ou desobedecido traz consequências muito negativas. Uma forma de sabe e se nossas escolhas são boas, é avaliarmos nossas vidas, vendo em que estado se encontra e assim vale para todos os aspectos de nossa vida. Sendo assim, a única forma de aumentarmos o nível de qualidade de nossas relações, famílias, amizades até mesmo nosso país, é qualificamos a nós mesmos; como diz o velho adágio: “se você muda, tudo a sua volta muda” Para tanto proponho um bom desafio: que a partir de hoje, tenhamos bons critérios para escolha em nossas leituras e tudo o mais que nos propusermos fazer e assim teremos cada vez mais cidadãos em condições de fazer boas escolhas. Sejamos, pois o mundo que queremos. Que Deus abençoe nossa jornada! Nos ajude a continuarmos publicando artigos como este, participe da nossa vaquinha virtual . Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. I N.º 17 edição de Agosto de 2022 – ISSN 2764-3867
- Aljubarrota e a dinastia de Avis brasileira
Em 14 de agosto de 1385, os campos de Aljubarrota, em Portugal, tornaram-se palco de um dos confrontos mais emblemáticos da história ibérica. O exército português, liderado por D. João I e pelo Condestável Nuno Álvares Pereira, enfrentou forças castelhanas muito superiores em número, mas não em estratégia ou determinação. O que estava em jogo não era apenas uma coroa, mas a própria independência nacional. A crise teve início com a morte de D. Fernando I, rei de Portugal, sem herdeiros homens. Sua única filha, D. Beatriz, era casada com o rei de Castela, o que levantava temores sobre a absorção de Portugal por uma potência estrangeira. Diante desse risco, setores da nobreza, do clero e do povo uniram-se em torno do Mestre de Avis, irmão bastardo do falecido rei, que assumiu a causa da independência nacional. Com apoio popular e a liderança militar de Nuno Álvares Pereira, travou-se a batalha decisiva. A vitória portuguesa não foi fruto do acaso. O terreno foi escolhido com inteligência. As táticas, inspiradas em métodos ingleses, incluíram trincheiras e defesas improvisadas que anularam a superioridade numérica inimiga. Em poucas horas, Portugal assegurou sua autonomia política e inaugurou a dinastia de Avis. Foi uma vitória da astúcia sobre a força bruta, da legitimidade popular sobre pretensões formais. A poeira dos campos de Aljubarrota ainda não havia baixado naquele 14 de agosto quando Portugal descobriu que havia feito mais do que vencer uma batalha – inventara um futuro. A vitória improvável de D. João I contra as forças castelhanas não foi obra do acaso, mas de uma conjugação rara: estratégia militar brilhante, liderança carismática e, sobretudo, um profundo instinto de sobrevivência nacional. Enquanto Nuno Álvares Pereira comandava as operações no campo, nas cortes e nas vilas portuguesas consolidava-se a compreensão de que algumas causas transcendem indivíduos – tornam-se questões de existência coletiva. Séculos depois, sob o céu de Brasília, outra batalha pela legitimidade do poder se desenrola, desta vez nos autos processuais e nas redes sociais. A decisão do TSE que tornou Jair Bolsonaro inelegível em 2023 ecoa, em seus próprios termos, o dilema essencial de Aljubarrota: quem tem o direito de governar, e com que autoridade? Se em 1385 a ameaça vinha de um reino vizinho que buscava anexação, hoje parte significativa da sociedade brasileira enxerga no Judiciário uma força que, ainda que domesticamente, opera como poder externo ao jogo político tradicional – moldando resultados que deveriam ser decididos nas urnas. A analogia, naturalmente, não é perfeita. Castela representava uma potência externa, enquanto o Judiciário brasileiro é instituição constitucional. Porém, como observou o historiador José Mattoso em "A Identidade Nacional", aquele sentimento de invasão de soberania que mobilizou os portugueses em Aljubarrota não dependia de fronteiras geográficas, mas da percepção de que forças alheias ao corpo político nacional determinariam seu destino. Essa mesma lógica emocional parece operar hoje em segmentos que veem nas decisões judiciais sobre casos eleitorais uma interferência indevida no espaço democrático. O campo conservador brasileiro vive hoje um impasse sucessório que lembra, em certa medida, os dilemas da nobreza portuguesa após Aljubarrota: a vitória política foi conquistada em 2018, mas falta-lhe um herdeiro claro para conduzir o próximo capítulo, agora que seu maior ícone está desarmado no campo de batalha e não pode lutar. Tarcísio de Freitas emerge como figura técnica com credenciais administrativas, mas seu perfil tecnocrático – ainda que eficaz no governo de São Paulo – não parece despertar o fervor ideológico necessário para mobilizar o núcleo duro da direita conservadora. Michelle Bolsonaro, por outro lado, carrega o sobrenome e o capital simbólico da família, mas sua trajetória até agora sugere mais uma "guardiã da chama" do que uma líder pronta para assumir o centro do palco político. Eduardo Bolsonaro, embora combativo e fiel ao legado paterno, enfrenta resistências que vão além das disputas partidárias – sua imagem permanece controversa até mesmo entre setores que compartilham de suas ideias. Aqui reside a diferença fundamental entre Aljubarrota e Brasília. Portugal saiu da batalha com uma liderança clara e um projeto nacional – as navegações que logo transformariam um pequeno reino em império global. O Brasil contemporâneo, após sua crise sucessória, ainda não encontrou nem o líder, nem o projeto que possa agregar além do círculo de fiéis. A direita oscila entre o personalismo e a falta de alternativas; a esquerda, entre o teatro encenado da defesa das instituições e a tentação de usá-las como armas contra os adversários. Talvez a verdadeira lição de Aljubarrota seja justamente esta: que crises de sucessão só se resolvem quando há, por trás das disputas pessoais, uma ideia maior de país capaz de justificar os sacrifícios. A ideia que mobilizou a nova casa monárquica portuguesa em 1385, passava pelo fortalecimento econômico e pela segurança militar. O Tratado de Windsor, assinado em 9 de maio de 1386, fez parte daquela estratégia e selou um acordo de paz e aliança entre Portugal e Inglaterra, formalizado durante o reinado de D. João I e Ricardo II, respetivamente. Este tratado estabeleceu uma aliança duradoura entre os dois reinos, com cláusulas militares, políticas e comerciais, considerado a mais antiga aliança diplomática em vigor. O Tratado de Windsor não foi apenas uma aliança econômico-militar – foi a semente de um novo posicionamento geopolítico. O Brasil, em seu labirinto institucional, ainda procura sua bússola equivalente, alternando-se entre 'players' com espectros ideológicos diametralmente opostos, tais como os Estados Unidos e a China. No fim, a história nunca se repete, mas suas melodias soam estranhamente familiares. O que Aljubarrota nos ensina é que nações podem emergir fortalecidas de suas crises existenciais – desde que encontrem, no meio da batalha, não apenas inimigos para combater, mas futuros para construir. O Brasil do século XXI, entre processos judiciais e polarização, ainda procura seu momento fundador. Quando – e como – ele virá é uma pergunta que nem os melhores estrategistas de 1385 saberiam responder. Mas a lição portuguesa permanece: sem projeto, não há vitória que dure; sem legitimidade, não há poder que se sustente. O resto, como talvez dissesse Nuno Álvares Pereira enquanto cavalgava pelos campos após a batalha, é com a história. Nos ajude a continuarmos publicando artigos como este, participe da nossa vaquinha virtual . Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. IV N.º 55 edição de Junho de 2025 – ISSN 2764-3867
- Leopoldina
Um Coração de mulher Conforme iniciamos a análise do processo de rompimento político entre o Brasil e Portugal, conhecemos uma das figuras que se tornou pedra angular dos eventos de 1822: José Bonifácio. Nesta oportunidade conheceremos um pouco sobre outra personalidade que teve participação fundamental nos contornos do nosso conturbado processo de independência. Leopoldine Caroline Josepha von Habsburg-Lothringen, arquiduquesa da Áustria (Leopoldina Carolina Josefa de Habsburgo-Lorena). A análise dos processos históricos não é funcional quando é levada a cabo com pontos de vista afastados do contexto original, sob conceitos e ideologias posteriores aos fatos em análise ou, partindo de uma ideia matriz que utilize os eventos históricos como instrumentos retóricos. Tal ação não passa de desonestidade intelectual, inversão das relações de causa e efeito ou perversão da verdade histórica. Atualmente, muitas são as possibilidades de entendimento sobre a vida e o legado da Imperatriz Leopoldina, alguns apresentados sob o viés da opressão do patriarcado contra a mulher, outros exibindo os interesses de uma elite branca exploradora das riquezas de um povo ou também apresentando-a com a matriarca da Independência e “mãe” dos brasileiros de seu tempo. Para além de qualquer análise subjetiva está a história e os fatos que a compõe, com toda a sua complexidade e possibilidades de entendimento. Quisera Deus que fosse possível apresentar a vida e obra de nossa primeira Imperatriz de maneira pronta e definitiva, como que registrada em mármore. Diante da impossibilidade, vamos aos fatos. Leopoldina nasceu na cidade de Viena em 22 de janeiro de 1797. Filha do Imperador Francisco I da Áustria, recebeu uma educação primorosa como era comum à tradição dos Habsburgo, iniciada com seu avô Leopoldo II, que incluía fluência nas línguas alemã, italiana, francesa, inglesa, grega e latim, além de conhecimento nas ciências naturais, em especial a mineralogia e botânica, também literatura e música. Posteriormente, e por motivo de seu casamento, agregou a língua portuguesa a seu conjunto de conhecimentos. Sua formação visava preparar uma figura de Estado e não apenas uma mera reprodutora e geradora de herdeiros. Leopoldina, suas irmãs e irmãos foram educados em uma família católica estruturada e preparada para a condução de Estado, o que repercutiria nas decisões que tomou enquanto princesa consorte do Brasil. Em 1807 Leopoldina sofreu uma ruptura traumática com o falecimento de sua mãe Maria Tereza de Áustria. Todavia, em segundas núpcias seu pai se casou com Maria Luiza de Áustria que viria a se tornar a figura mais importante em sua formação intelectual. Não tendo filhos, Maria Luiza dedicou seu sólido intelecto à formação da prole de seu marido. O período em que nasceu Leopoldina foi de muita tensão política e social. A Revolução Francesa estava próxima de seu fim, mas traria à luz do palco da história a figura de Napoleão Bonaparte. A carnificina revolucionária e o expansionismo napoleônico causavam calafrios nas antigas dinastias europeias. Para as monarquias europeias era necessário conciliar o reinado sobre o povo e para o povo, do contrário a possibilidade da perda da coroa sob o exemplo dos revolucionários franceses seria um risco permanente. Outro instrumento de sobrevivência das dinastias se dava pelos casamentos arranjados. Deixando um pouco de lado a visão romântica contemporânea sobre os casamentos, devemos entender aquela instituição como de fato se encaixava no contexto social e político daqueles tempos. Era um instrumento de sobrevivência, de manutenção das linhagens, de garantia da paz entre as nações ou apenas de inclusão da mulher no tecido social. O amor poderia ser o complemento feliz de uma união de pessoas, ou poderia ser construído por meio da convivência, mas não era ainda um pré-requisito para uma união. Reforçando a ideia já apresentada, a inversão das relações de causa e efeito e a sobreposição dos contextos culturais trazem distorções na compreensão dos fatos. O casamento arranjado de Leopoldina e de Pedro de Alcântara (Pedro I do Brasil e Pedro IV de Portugal) uniu as casas de Habsburgo e de Bragança, atendendo aos interesses comerciais e políticos das duas casas reais. Assim, por procuração, em treze de maio de 1817 aconteceu em Viena o casamento. O evento foi confirmado no Brasil por uma benção nupcial dada em seis de novembro daquele ano, quando de fato os noivos se viram pela primeira vez. A vida da recém-casada princesa não seria preenchida por futilidades ou formalidades protocolares, foi necessário que a princesa consorte se pusesse acima das dificuldades de relacionamento, das diferenças culturais, de suas próprias expectativas quanto ao casamento, para permitir que todo o preparo recebido na Áustria pudesse dar frutos, que serviriam mais ao Brasil do que à sua própria realização pessoal. Não trataremos neste momento das questões relativas à postura conjugal do príncipe e imperador Pedro I, deixando para o próximo artigo esta análise. É fato que a história registrou as infidelidades de Pedro, mas a postura de soberana dignidade de Leopoldina, muitíssimo mais que de submissão conjugal, tinha aspectos de consciência de seu papel político para manter tanto quanto possível a estabilidade do Brasil. Sua criação previa uma postura que seguisse estritamente os protocolos de sua posição político-social. Maior que suas decepções pessoais, estava o estado de onde ela viera e aquele que a recebeu pelo matrimônio. É característica das grandes personalidades da história a aceitação das maiores provas em função de ideais superiores. De seus nove anos de casamento com Pedro de Alcântara, Leopoldina gerou a Maria, Miguel, João Carlos, Januária, Paula, Francisca e Pedro (Pedro II). Miguel faleceu no parto e João Carlos com apenas 11 meses. Uma possível crise sucessória criada pela ausência de um herdeiro do sexo masculino foi dissolvida pelo nascimento e sobrevivência de Pedro II. As manifestações políticas no Brasil desde o retorno de D. João VI em 1821 a Portugal, os embates de ideias com relação ao status do Brasil, que iam desde o retorno à condição de mera colônia, passando pela implantação de um regime republicano e chegando a um regime monárquico sob a autoridade do Príncipe Regente, todo esse conjunto de possibilidades preocupava Dona Leopoldina e remetia frequentemente ao movimento revolucionário francês. Em carta dirigida a seu pai, Leopoldina expunha seus receios: “São Cristovão, nove de junho de 1821. Caríssimo papai, aqui está uma verdadeira miséria. Todos os dias novas cenas de revolta. Os brasileiros são cabeças boas e tranquilas. As tropas portuguesas estão animadas pelo pior espírito e meu esposo infelizmente ama os novos princípios e não dá exemplo de firmeza como seria preciso, pois atemorizar é o único meio de pôr termo à rebelião. Receio que tome consciência tarde demais, com seu próprio prejuízo e só posso ver o futuro negro. Deus sabe o que ainda acontecerá conosco. (...) Aqui é o inferno na Terra e em todos os sentidos piora dia a dia, depois das medidas adotadas”. Os “novos princípios” a que Leopoldina se referia eram os mesmos que alimentaram a Revolução Francesa. No momento em que escreve a seu pai, os ideais monárquicos absolutos se sobrepunham ao liberalismo e Leopoldina esperava de D. Pedro uma postura de aceitação às determinações de Portugal. Naquele momento, do ponto de vista da princesa, apoiar qualquer movimento separatista no Brasil soaria como adotar os ideais revolucionários franceses e contrariar o contrato de casamento firmado entre duas nações: a sua de nascimento e a adotiva por consórcio. Em pouco tempo o posicionamento de Leopoldina se converteu e, em oito de janeiro de 1822 ela se dirige a seu secretário: “(...) Excelente Schäffer, receiam-se aqui muitos distúrbios para o dia de amanhã. Terá ouvido alguma coisa? O Príncipe está decidido, mas não tanto quanto eu desejaria. Os ministros vão ser substituídos por filhos do país que sejam capazes. O governo será administrado de um modo análogo ao dos Estados Unidos da América do Norte. Muito me tem custado alcançar isto tudo. Só desejaria insuflar uma decisão mais firme”. Não se poderá saber o que teria acontecido na noite do dia oito de janeiro nos aposentos do Palácio de São Cristóvão, mas no dia seguinte a este contato entre Leopoldina e seu secretário, ocorre o muito conhecido pronunciamento do “fico”. Em dois de setembro de 1822, Leopoldina na condição regente interina, presidiu reunião do Conselho de Ministros. A situação do país era insustentável em razão das manifestações e distúrbios no Rio de Janeiro e, mesmo que influenciada pelas ideias de seus ministros (Bonifácio em especial), Leopoldina redige a carta que deu caráter decisivo ao processo de independência: “Pedro, o Brasil está como um vulcão. Até no paço há revolucionários. Até oficiais das tropas são revolucionários. As Cortes Portuguesas ordenam vossa partida imediata, ameaçam-vos e humilham-vos. O Conselho de Estado aconselha-vos para ficar. Meu coração de mulher e de esposa prevê desgraças, se partirmos agora para Lisboa. (...) O Brasil será em vossas mãos um grande país. O Brasil vos quer para seu monarca. Com o vosso apoio ou sem o vosso apoio ele fará a sua separação. O pomo está maduro, colhei-o já, senão apodrece. (...) Pedro, o momento é o mais importante de vossa vida. Já dissestes aqui o que ireis fazer em São Paulo. Fazei, pois. Tereis o apoio do Brasil inteiro e, contra a vontade do povo brasileiro, os soldados portugueses que aqui estão nada podem fazer”. Sete de setembro, mesmo em face das ameaças internas e externas, mas contando com o amor de seu povo, com a presença amorosa e dedicada de uma mulher que, com dignidade exerceu seu papel na história do Brasil, este país rumou para a liberdade. Leopoldina, arquiduquesa, princesa consorte, imperatriz do Brasil, todos os títulos nobiliárquicos que apenas adornaram uma personalidade forjada para liderar, preparada para servir à nação, disposta à resignação diante das contrariedades. Tantas renúncias e lutas acabaram por cobrar seu preço no espírito sensível da imperatriz. Possivelmente em razão de uma septicemia pós-parto, dos poucos recursos de medicina da época, mas, agravada em grande parte pela depressão que se manifestava diante das crises matrimoniais e da necessidade de manter a fortaleza diante das agruras do trono, no dia onze de dezembro de 1826 a imperatriz faleceu. O Brasil perdia naquele dia uma grande mulher, uma grande brasileira ainda que adotiva. Exemplo de dignidade e consciência de seu dever à frente de um Estado que nascia. Que o Bom Deus ressalte e preserve em nossas melhores lideranças contemporâneas sua majestática dignidade, nobreza de sentimentos e seu coração revestido de patriotismo. Nos ajude a continuarmos publicando artigos como este, participe da nossa vaquinha virtual . Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. I N.º 16 edição de Julho de 2022 – ISSN 2764-3867
- A chegada do inverno
A vida de um modo geral é gerida por lei, entre elas a lei dos ciclos; temos por exemplo, ciclos menores com dia e noite, médios como, os semanais e maiores como, as estações do ano. Os ciclos abarcam toda a estrutura da vida e está presente na ciência, religião, arte, política, história, entre outras chaves. Seguindo o ciclo natural entramos no inverno e como uma lei natural, deve ser respeitada. Com a chegada do inverno, gostamos ou não, há que adaptar-se ao momento, pois o que se pode fazer para eliminar o inverno? Nada! Pois a lei se impõe. Lembro que há leis em todos os aspectos da vida, assim como na política, com seus ciclos de guerra e paz, abundância e escassez econômica, por exemplo. No dia a dia, vejo pessoas que de maneira insana tentam evitar as leis, mas claro, sem sucesso. Então, fica a pergunta: Como comportar-se ante uma situação da qual não temos como mudar? Nestes momentos o ideal é usar a inteligência para manter-se o mais protegido possível dos efeitos negativos que em todos os casos se fazem presente. Se a situação é muito arriscada, a melhor atitude é a prudência, pois enfrentar o que não se pode mudar pode ser fatal. Mesmo aqueles que gostam do verão e não são nada afeitos ao inverno sabem que o melhor a fazer é compreender o momento e adaptar-se para que ao fim do ciclo, esteja bem para aproveitar o próximo momento. Sim, tudo é cíclico e vai passar; talvez para que não se conforma ao momento do inverno, pode parecer que dure uma eternidade, mas aquele que com inteligência sabe que nada pode fazer para mudar, porém muito para amenizar os efeitos, conseguirá passar com dignidade pelo momento que para ele, com certeza, é doloroso, falar pouco, manter-se vigilante aos altos e baixos da estação, observar cada pessoa para que não fique exposto a frieza do momento; e isso não significa que precise deixar de gostar do verão, mas que apesar disso, sabe adaptar-se ao momento e aguardar o fim de um ciclo. O inverno é um momento que embora doloroso para muitos, é também um ótimo momento para reflexão e para planejarmos a chegada de uma estação mais favorável. Se soubermos passar por qualquer situação de forma digna e inteligente, poderemos oferecer no futuro, tudo o que temos guardado para que seja aproveitado no momento oportuno, nesse caso, paciência, equilíbrio e maturidade são fundamentais para saber que estamos sim, num momento de inverno, mas que no futuro o verão com sua máxima expressão no aguarda, com sua luz, calor, brilho, liberdade e tudo mais que aqueles que amam o verão sentem falta e por tanto lamentam. Usemos os instrumentos que nos são próprios para este momento de frieza, pouca luz, acinzentado que parece querer nos manter presos a todos o custo, por conta da sua característica sombria. Contudo, fica aqui uma mensagem para os que já a tempos sofrem com esse inverno, assim como tudo na vida, este momento irá passar e agir com inteligência para manter-se protegido é fundamental para que ao seu fim, possamos desfrutar do tão sonhado verão. Que Deus abençoe nossa jornada!!! Nos ajude a continuarmos publicando artigos como este, participe da nossa vaquinha virtual . Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. IV N.º 55 edição de Junho de 2025 – ISSN 2764-3867
- A propedêutica da nossa sociedade
Na medicina, chama-se propedêutica, a parte que trata dos diagnósticos. De alguma forma existe uma propedêutica sociopolítica que pode ser usada em nosso momento histórico para de alguma forma entendermos a mentalidade e por fim o comportamento da sociedade brasileira hoje. Trabalhando os sintomas, percebemos qual o estado do “organismo,” no qual estamos inseridos. Temos sintomas preocupantes como, autoritarismo, censura, perda de direitos, descredibilidade das instituições de um modo geral – cada uma em seu percentual – Entre outros sintomas negativos. Fica claro que o organismo está doente e há que tratá-lo, antes que embora grave, a doença, não seja fatal. Durante várias décadas, várias formas de tratamento foram aplicadas, mas sempre na tentativa de amenizar os sintomas, ainda que se percebesse o agravamento claro das doenças, entre elas a corrupção e a ignorância. Como todo o organismo conectado a natureza, em algum momento há que reagir, e estando seu sistema imunológico forte o bastante, despertará as células certas e em quantidade suficiente para recuperar-se e se assim for, nada, sem dúvida será capaz de parar esta reação até que o organismo esteja totalmente recuperado. Trazendo esta analogia para nosso momento, vemos que nossa nação se encontra com uma doença grave e várias metástases por todo seu corpo, mas não o suficiente para ser fatal. Temos ainda neste grande organismo chamado Brasil, um grande número de células dispostas a entrarem em campo para dentro deste sistema de doenças, ativarem o principal fator de defesa imunológica: as virtudes!! A primeira delas, o patriotismo, já convocou todas as células disponíveis para ainda a tempo, promoverem saúde moral e espiritual, estas que sem dúvidas são o antídotos para qualquer veneno que fora inoculado. O sistema imunológico da nação está pronto, e cada vez mais forte para combater o câncer que outrora acometera este sagrado corpo chamado, Brasil. Algumas células, ainda adormecidas já se puseram a despertar para uma doença que por mais que ofereça algumas vantagens, no final como qualquer câncer, matará todo o corpo, inclusive as células que por qualquer motivo que seja, deixaram de combater a doença. Valores morais, cristianismo, conservadorismo e toda a forma de elevada maneira de viver, agem como nutrientes para que toda essa empreitada tenha sucesso, e terá. A batalha esta apenas começando, como todo câncer, ele fará o que precisar para se manter vivo, mas a nossa eficiente evolução já nos aportou toda a inteligência necessária para, de trincheira em trincheira, irmos avançando, tomando terreno até que estejamos seguros da saúde de nosso amado organismo chamado, Brasil. Que assim seja. Que deus abençoe nossa jornada!!! Nos ajude a continuarmos publicando artigos como este, participe da nossa vaquinha virtual . Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. I N.º 16 edição de Julho de 2022 – ISSN 2764-3867
- A tradição Judaico-cristã
Uma ofensa “ Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos Judeus ” (João 4:22, ACF). Em sua última revelação, nosso Senhor Jesus Cristo mostra a João, o apóstolo amado ( João 13:23; 21:20 ), exilado na Ilha de Patmos ( Apocalipse 1:9 ), tudo aquilo que ia acontecer nos últimos dias, e que ficou registrado no último livro das Sagradas Escrituras, o Apocalipse. Dá-se o nome de “escatologia” ao ramo da teologia que se ocupa do estudo das “últimas coisas”, e que tem como principal – mas não única – fonte exatamente este livro, que estudado em conjunto com outras passagens proféticas, em especial nos livros de Daniel, Ezequiel, Zacarias e nos Evangelhos, nos fornece informações importantes sobre o destino da humanidade. Mas tudo isso só faz sentido ao que crê. E que crê nas Escrituras como sendo aquilo que elas dizem ser: a Palavra de Deus, revelada, perfeita e incontestável. Tudo isso, a priori , soa de certa forma como uma obviedade aos ouvidos cristãos, mas na verdade tudo isso está sendo posto em dúvida, não pelos ateus, não pelos agnósticos, não pelos budistas e nem pelos muçulmanos. Aquilo que deveria se apresentar como algo naturalmente aceito pelos cristãos, na verdade está sendo colocado em cheque pela própria cristandade. Antes, porém, de discorrermos acerca de profecias ancestrais, é necessário, preliminarmente, por alguns “pingos nos is”. O que também só fará sentido se você for cristão. Em primeiro lugar, quando a cristandade se refere a Deus, a que Deus está se referindo? De quem se trata? Como ela chegou ao seu conhecimento? As informações que julga ter dele foram retiradas de que fonte? Esses questionamentos revelam uma realidade absolutamente contraditória em termos de fé cristã. Tão contraditória que chega a beirar a insanidade. O que queremos dizer é que ninguém, em parte alguma do mundo, faria ideia da existência de Deus e de seu plano redentor se as Escrituras não tivessem chegado até nós. Ou seja, o livro que muitos cristãos contestam e questionam, a partir de uma teologia crítica falida, é a única fonte confiável que lhes informar que um dia Deus enviou seu Filho ao mundo para morrer em nosso lugar. Quando alguém diz “Acredito em Deus, mas não na Bíblia” talvez não faça ideia do absurdo que acabou de dizer. É uma simples questão de lógica. Pois bem. Quando nos debruçamos sobre as Sagradas Escrituras, nossa percepção cristã nos ensina que Yeshua, o Unigênito do Pai ( João 3:16 ), é o personagem central das Escrituras, desde o primeiro livro, onde é apresentado como o “ descendente da mulher ” ( Gênesis 3:15 ), passando por todos os demais livros ate chegar ao último, onde ele conduz todas as ações pessoalmente. E é a partir deste personagem principal, de sua ótica, que devemos entender o plano de Deus, e não através dos nossos próprios olhos, conclusões ou opiniões, e nem da de filósofos gregos ou pensadores escolásticos. Quem define o padrão exegético das Escrituras é o filho de Deus, como todas as suas cristofanias. Um padrão que se torna ainda mais radical se entendermos os mistérios contidos em João 1:1 , “ No princípio era o Verbo (Logos/Palavra), e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus ”. Mais adiante quando, no mesmo contexto, o apóstolo diz que “O Verbo se fez carne” ( João 1:14 ), ele reconhece que Jesus e a sua Palavra são uma coisa só, e esta coisa é a manifestação visível de Deus ( Colosensses 1:15 ). Poucos teólogos conseguiram captar esse mistério como Agostinho, que diz “Mas pôde ocorrer que a Escritura, sem dar a perceber, tenha passado de pessoa para pessoa e ao narrar que o Pai disse: Faça-se a luz e as demais coisas que afirma terem sido feitas pelo Verbo, esteja indicando que o Filho é quem falou ao primeiro homem, embora não dê explicações claras, mas o insinue aos capazes de entender” (Agostinho. A Trindade. Paulus. 2014). Mas quem é esse Jesus, que ao mesmo tempo é o Verbo e o filho de um carpinteiro da Galileia? Esse Jesus é, sobretudo, um judeu. Um homem que nasceu como judeu e em nenhum momento de sua vida terrena renegou os princípios de fé que aprendeu de seus pais. E seu Pai celestial, que o enviou a terra para morrer no lugar dos eleitos, não é outro senão o Deus de Israel, porque se assim não for, tudo aquilo que foi registrado nas páginas do Novo Testamento perdem, consequentemente a sua legitimidade. Ou seja, o Deus que os cristãos afirmam adorar ou, ainda, as Escrituras em que eles afirmam crer, e mais, a tradição que eles juram defender, é de origem judaico-cristã. Porque ou ela é judaico-cristã, ou não é nada. E é aqui, nesse ponto crítico, que queremos alertar a cristandade. Desde a morte de Cristo, pelas mãos dos fariseus em conluio com o Império Romano, representado na ocasião por Pilatos, que forças ocultas vêm se apoderando da narrativa para causar uma ruptura espiritual que, se concretizada, lançará o mundo nos capítulos finais do Apocalipse. E aqui me refiro a uma ruptura que nunca, em momento algum, foi a aspiração da doutrina cristã pautada das Escrituras, em especial nos Evangelhos e nas Cartas de Paulo; a ruptura entre Israel e a Igreja de Yeshua. Essas forças se empenham, geração após geração para desconstruir o conceito de uma tradição “judaico-cristã”, usando falácias historicamente desonestas, como, por exemplo, jogar todos os que professam a fé cristã contra os judeus, acusando-os de terem matado o Messias. Essa construção gerou, aos poucos, os alicerces de todo o antissemitismo que existe no mundo, que acabou se sofisticando cada vez mais, criando novos espantalhos, contaminando a Reforma Protestante e, por tabela, o pensamento cristão europeu dos séculos seguintes, que desembocou no holocausto, até chegarmos na duas últimas estocadas oriundas desse engano milenar: a deturpação do termo “sionismo” e o divulgação de uma obra apócrifa chamada “Os Protocolos dos Sábios de Sião”. No primeiro caso, transformaram uma luta legítima de um povo que tudo o que queria é retornar ao seu lar e reconstruir sua pátria, em uma teoria da conspiração estapafúrdia, onde, de uma hora para outra, um povo que foi desterrado seguidamente, século após século, nação após nação, sendo espoliado de seus bens a cada desterro, estaria se preparando para dominar o mundo. Uma ideia ao mesmo tempo tão patética quanto satânica, capaz de encontrar abrigo somente em mentes tão patéticas e satânicas quanto, como, por exemplo, de um Adolf Hitler. Escreve o maníaco: “ Surgiu entre eles um grande movimento de vasta repercussão em Viena que muito concorreu para um juízo seguro sobre o caráter racial dos judeus. Esse movimento foi o sionismo ” (Adolf Hitler. Mein Kampf. Best Seller. Sem informação de data). Todas as vezes que vejo um militante antissemita arrotando “sionismo”, sem fazer ideia do que se trata o tema, as imagens de campos de concentração me vêm à mente. É a ignorância que gera a barbárie. E as nossas universidades estão cheias desses malucos. “Os Protocolos dos Sábios de Sião” foram feitos e publicados por encomenda. Até hoje não há um consenso sobre a sua origem. O pouco que sabe é que sua primeira publicação “oficial” se deu em 1903, na Rússia (é claro, afinal, foram eles quem os encomendaram, os reis da desinformação), mais especificamente em um jornal de São Petersburgo, o “ Znamia ” (bandeira), de propriedade de Pavel Krushevan, um notório antissemita. Um material claramente encomendado com a marca soviética: reuniões que nunca ocorreram e atas que nunca existiram. Os nazistas amaram o material (e ainda há quem defenda que eram de direita) produzido pelos socialistas russos. Aqui, como no caso do sionismo, a mesma balela infame: os judeus estão conspirando para dominar o mundo. Foi só a Alemanha entrar em crise e, como num passe de mágica, Hitler encontrou seu “bode expiatório”, uma expressão ironicamente retirada da Torá. Há quem pense, de forma ingênua, que todo esse sentimento antissemita seja exclusividade da Eurásia do século XIX para cá. A história mostra que o mundo persegue os hebreus desde que Deus chamou Abraão para iniciar sua jornada que desembocaria em Jesus. É curioso constatar que as pessoas que acreditam em lixos narrativos como o “sionismo” enviesado dos globalistas e nas sandices dos “Protocolos”, se assumam “cristãos” e não percebam o componente espiritual latente que envolve esse embate. Elas não percebem que ser antissemita é também ser anticristão, e que se afastar da tradição judaico-cristã é se afastar do próprio Cristo. E são essas conclusões que o sistema tem tentado destruir usando todo o seu arsenal dialético, porque ele sabe que o cristianismo desprovido de suas raízes e alicerces, é um cristianismo caricato. “A salvação vem dos judeus” Quando Yeshua diz essa frase ( João 4:22 ), ele está resumindo todo o arcabouço do plano divino que, por sua vez, é delineado por Paulo em sua Epístola aos Romanos. E em Efésios 2:14 , o apóstolo ratifica que ele “De dois povos fez um”. Ou seja, o projeto verdadeiramente cristão nunca foi separar Israel da Igreja, faz fazer de ambos uma coisa só. Essa é a determinação que há nas Escrituras. Mas algo deu errado no meio do caminho. Forças poderosas, aquelas que operam desde a queda, e que quem é cristão sabe que existem, cuidaram em fazer com que a coisa toda seguisse por caminhos completamente enviesados, disseminando falácias no meio da cristandade, especialmente a partir do século IV, de modo que os judeus, como um povo, e não somente a elite religiosa da época, levasse sobre si toda a culpa pela morte do Messias. Um discurso de contornos malignos, antibíblico e, por conseguinte, anticristão, afinal, também eram judeus os pais de Yeshua, seus irmãos, seus discípulos, mais de cem pessoas que estavam congregando no cenáculo e depois as milhares que se converteram no dia de Pentecoste. O interessante é que nem mesmo um dos segmentos mais odiosos que se valeram dessa falácia, o nazismo, transferiu sua culpa para uma nação inteira. Você não vê as pessoas dizendo “Os alemães fizeram o holocausto!”, mas sim “Os nazistas fizeram o holocausto!”. Ou seja, quando é cômodo, isenta-se uma nação, quando não, generaliza-se. Nos últimos séculos, algo ainda mais sinistro vem surgindo no underground da cristandade, um tipo de “antissemitismo compartilhado”, gerado por uma pseudoteologia que atende pelo nome de “teologia da substituição”, compartilhada por vários segmentos cristãos, de romanos a reformados, passando até por círculos (neo)pentecostais. Segundo essa teologia, a igreja cristã teria substituído Israel no coração e nos planos de Deus, deixando a nação escolhida em segundo plano e, em muitos casos, alijada das promessas e dos pactos dos últimos dias, tornando o Antigo Testamento uma coisa quase obsoleta. E a partir daí começou um ataque à tradição “judaico-cristã” como nunca se viu, e de forma surpreendente, como já falamos, não vindo de fora dos círculos cristãos, mas de dentro. De um lado, diagnosticam que essa expressão não passa de um anacronismo e, portanto, inadequado, que a tradição “judaico-cristã” não faz mais sentido. Acoplam a ela a falácia batida e requentada de que o “Israel Bíblico” não existe mais. O que é constrangedor, é que quem usa esse argumento sabe que ele não é verdade, mas precisa manter a narrativa. E do outro lado, uma acusação ainda mais pesada, e que a cada dia ganha mais espaço e corpo nas cercanias cristãs paroquianas, que hostiliza Israel de forma cada vez mais ostensiva, usando os mesmos argumentos que levaram ao holocausto, só que dessa vez direcionados com uma suposta roupagem teológica. Eles falam que o judaísmo é o veneno sionista que infectou o cristianismo e, como tal, deve ser combatido. Ou a tradição é judaico-cristã, ou não é nada O fato é que, seja do ponto de vista histórico, ou do teológico, é impossível separar judaísmo de cristianismo, ao mesmo tempo em que é impossível haver uma separação entre o Jesus judeu e o Jesus cristão. E isso é tão óbvio que pode ser exposto sem muita dificuldade, mesmo para progressistas e globalistas travestidos de cristãos. Em primeiro lugar, a origem e identificação do Messias. Cristo é o “filho de Davi”. Ou ele tem essa linhagem ou não pode ser o Messias. Todos os aspectos relacionados à sua divindade precisam ser legitimados pelo Antigo Testamento. Desde a tribo à qual pertenceria ( Gênesis 49:10 ) e o nascimento virginal ( Isaías 7:14 ) em Belém da Judeia ( Miquéias 5:2 ), além de muitos outros aspectos proféticos referentes ao seu ministério. Ou seja, não há Messias sem que antes haja um Antigo Testamento judeu para o legitimar. Isso não existe. Isso é mais contraditório do que afirmar que a terra é plana. Em segundo lugar, a sua mensagem. Todas as vezes em que Yeshua se referiu aos seus mandamentos, ele estava se referindo ao Antigo Testamento judeu. Inclusive, em seu primeiro embate com Satanás, no deserto ( Mateus 4 e Lucas 4 ), tudo o que ele fez foi lançar mão da fórmula “está escrito”, enquanto fazia referência a três passagens da Torá. Em nenhum momento ele dá a entender que o Antigo Testamento caducou ou perdeu sua importância, muito pelo contrário, ele constantemente reafirmava muitos ensinamentos contidos na Torá, pregando aos judeus em suas sinagogas. Os Evangelhos, bem como as Cartas, estão impregnados de textos da Antiga Aliança. Como assim a expressão “judaico-cristã” aponta para anacronismo ou sionismo deturpado? O que as pessoas estão consumindo para chegarem a conclusões trôpegas como essas? Em terceiro lugar, a escatologia. É impossível entender qualquer coisa de cunho profético sem lançar mão de textos do Antigo Testamento. O próprio Cristo em seus discursos escatológicos fazia menção a eles ( Mateus 24:15 ). O livro de Apocalipse é uma continuação das visões de Daniel, Zacarias, Ezequiel e Isaías. Ou a escatologia é judaico-cristã ou é simplesmente não existe, não se encontra, não faz sentido. Até pouco tempo atrás era consenso que o Ocidente havia sido erguido sobre os alicerces da tradição judaico-cristã, mas aí o antissemitismo velado, travestido de teologia, começou a se ramificar pelo submundo da cristandade, e o que era somente uma sugestão hoje é admitido de forma clara e para que todos vejam. Os “cristãos” estão renegando a ideia de uma tradição “judaico-cristã” porque, segundo eles, ela remete a um plano sionista para submeter a igreja de Cristo, ao mesmo tempo em que arreganham os dentes para os piores inimigos de Israel (e da humanidade), oferecendo-lhes guarita, em um movimento chamado “Crislã”, que até ontem era só mais uma teoria da conspiração, mas que hoje já é uma realidade com péssimas perspectivas. A “tradição judaico-cristã” é uma ofensa para o mundo pós-moderno. Ela é o último resquício da revelação divina completa que ainda temos como bússola para as nossas almas. É algo reconhecido por mentes brilhantes, como Leibniz, que discorre sobre ela no prefácio de “Teodiceia”. Ou como Roger Scruton, que a cita textualmente em seus livros (Roger Scruton. Como ser um Conservador. Record. 2019.). E ainda o magistral Jordan Peterson, que faz uso da expressão em profusão no espetacular “Mapas do Significado”. E poderíamos incluir C S Lewis, Leo Strauss, Weber… seriam esses homens conspiradores sionistas pagos pelos Rothschild? Fariam eles parte de um plano sombrio para controlar a humanidade a partir de um pedaço de terra menor do que o Estado do Sergipe, sem petróleo, grandes reservas de água, metais preciosos ou gás natural, coberto boa parte por um deserto? Façam-me o favor. Ou o que nós chamamos de tradição é judaico-cristã, ou não é nada. Nos ajude a continuarmos publicando artigos como este, participe da nossa vaquinha virtual . Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. IV N.º 55 edição de de 2025 – ISSN 2764-3867
- As mentiras sob as fundações
O filme A Sombra de Stalin narra a história do jornalista galês Gareth Jones, em sua viagem à nada saudosa União das Repúblicas Socialistas Soviéticas durante o governo do ditador genocida Joseph Stalin no início da terceira década do século passado. A missão de Jones era retratar sua experiência no país comunista para que, de certa forma, o restante do mundo soubesse o sucesso daquele sistema. Jones não era um opositor às ideias comunistas, ao contrário, até poderia ser considerado um simpatizante do regime, ao menos daquilo que acreditava que o comunismo era. Contudo, o jornalista começa a desconfiar da prosperidade, até excessiva, que os soviéticos experimentavam apesar do cenário de crise no restante do mundo. O galês poderia assumir que a União Soviética estava fora do alcance das mazelas que afetavam outros países por se tratar de uma nação que adotou um sistema que o afastava do capitalismo, associando a crise, a grande depressão, ao liberalismo econômico como os defensores do socialismo até hoje fazem, entretanto, era nítido que havia algo estranho naquela prosperidade soviética. O que Gareth Jones acaba descobrindo é que os jornalistas estavam inseridos em uma espécie de encenação que representava uma falsa prosperidade do regime soviético, uma vez que estavam convivendo apenas com a elite daquele país, ou seja, os relatos seriam produzidos por jornalistas que desfrutavam da fartura que só os membros do partido e os burocratas em altas posições podiam experimentar. Jones percebeu que não estava ali para relatar o que acontecia com o povo soviético, mas para vender ao ocidente a imagem que todos gozavam das regalias que, na verdade, eram exclusivas da elite socialista. Sua missão era retratar uma farsa para convencer o restante do mundo que a União Soviética era uma nação prospera com uma economia pujante, não afetada por crises oriundas do sistema capitalista, e o povo experimentava uma vida feliz em meio à abundância de recursos. A grande virada do filme é quando Jones decide buscar a verdade e lhe é sugerido buscar a resposta na Ucrânia, uma das repúblicas soviéticas na qual o jornalista poderia observar, in loco, a triste realidade do povo que sustentava a farsa do líder socialista Stalin. Jones consegue, após algum esforço, driblar os agentes do governo soviético e, finalmente, chegar à Ucrânia, constatando uma verdade muito pior do quê poderia ter imaginado. A verdade sobre mal que assolava o povo da Ucrânia não podia ser contada, era preciso que Jones presenciasse o drama para acreditar em tamanha monstruosidade perpetrada pelo regime socialista, que confiscava os alimentos produzidos naquelas terras férteis e expropriava os Kulags, os agricultores ucranianos, para manter o luxo da elite de Moscou e, ao mesmo tempo, penalizar aqueles que não aderiram às políticas doentias de Stalin e seu maldito antecessor. O líder soviético nutria certo desprezo pelos agricultores da Ucrânia e não se importava em desgraçá-los para manter seu nefasto regime. A morte pela fome, chamada pelos ucranianos de Holodomor, era encoberta pelo regime socialista como se fosse uma sujeira varrida para baixo do tapete, dizimando o povo ucraniano e escondendo do ocidente o quão desprezível é o socialismo. Quando Gareth Jones vivencia o terror que se escondia à sombra de Stalin, o jornalista galês decide, assim que consegue retornar ao ocidente, contar ao mundo livre a respeito de sua experiência na Ucrânia para expor o mal que o regime soviético era e como aquelas pessoas eram atingidas. Ao denunciar a verdade sobre o Holodomor, algo que ainda é negado por socialistas até os dias atuais, Gareth Jones enfrentou um novo desafio, haja vista que o regime soviético mantinha uma rede de influências para garantir que suas mentiras não fossem confrontadas, de forma que Jones acabou sendo tratado como um propagandista anticomunista, um agente da desinformação que buscava difamar o maravilhoso mundo da União Soviética. Nos dias atuais, o jornalista galês, provavelmente, seria acusado de espalhar fakenews, por ser um negacionista ou teórico da conspiração, sendo alvo daqueles que buscam controlar a informação, entretanto, a descentralização da informação permite que tiranos não consigam calar, ao menos de forma absoluta, aqueles que buscam desmentir suas farsas abjetas. Manter o Holodomor escondido foi uma das formas da propaganda comunista evitar que o mundo livre soubesse o quão atroz era o regime, desmobilizando, no ocidente, movimentos que denunciassem as mazelas do socialismo. Além de esconder suas vicissitudes, os socialistas infiltraram suas ideias nas universidades e movimentos revolucionários diversos, especialmente, na guerrilha, que no continente africano se mantém até os dias atuais, entretanto, na América Latina deu origem a narcoguerrilha, que ainda conserva seus vícios socialistas e, em alguns casos, laços com políticos afetos àquela vertente ideológica. Construir algo verdadeiro é contrário ao socialismo, uma vez que, sendo uma ideologia relativista que esconde sua verdadeira natureza, na qual a elite revolucionária pretende se impor através de uma ditadura mascarada, seja alegando servir ao trabalhador ou ser uma democracia, sendo, portanto, necessário esconder suas falhas, mazelas e tudo aquilo que aponte contra a nefasta ideologia do público em geral. A China, país do qual os defensores do socialismo se gabam de estar em uma crescente econômica ímpar, nitidamente mascara as informações para parecer mais próspera e menos falha que realmente é. Basta observar o caso da construtora Evergrande para perceber que há uma clara manipulação de dados com o fim de enganar o mundo acerca do desenvolvimento chinês. Evidente que um socialista dirá que empresas por todo o mundo estão sujeitas a gestores dispostos a ludibriar terceiros distorcendo dados, mas naquela ditadura socialista unipartidária, o capitalismo serve aos interesses estatais e é pelo Partido controlado, permitido ou esvaziado. Outro curioso caso é o do Turcomenistão, outrora um das repúblicas soviéticas, cuja capital Asgabate apresenta construções extravagantes que ostentam uma riqueza que não é usufruída pelos cidadãos. Em verdade, a capital parece uma linda cidade fantasma quando visitada e os poucos que conseguem entrar no país são monitorados para que não tenham acesso à realidade dos turcomenos, tal qual o governo soviético fazia em relação aos jornalistas, escondendo os ucranianos. Os regimes de Cuba, Venezuela e Nicarágua também negam sua real natureza, fantasiando-se de corajosos oponentes e vítimas das potências ocidentais, alegando combaterem o imperialismo quando, na verdade, servem os interesses do imperialismo socialista, ou seja, forçam seus cidadãos a ajoelharem aos governos de China, Rússia, Irã e outros, fingindo que estão os libertando dos EUA e da Europa. O maior problema dos revolucionários é que, no afã de construir sobre mentiras, acabam por esconder sob suas fundações uma força que não poderão controlar, pois como diziam os mais velhos, “a mentira tem pernas curtas”, apontando que ela não consegue correr para tão longe que um dia não seja alcançada e exposta. O colapso de uma construção que tem a mentira sob suas fundações é inevitável e o máximo que os líderes revolucionários poderão fazer é postergá-lo, caso em que, não importa-lhes se a estrutura ruirá, mas se eles não estarão nela quando acontecer. Assim como Papa Doc e Baby Doc conseguiram deixar o Haiti após expropriarem tudo o quê puderam e Joseph Stalin morreu sem ser julgado por seus crimes, os líderes revolucionários lutam para que o poder não escape de suas mãos, para que possam gozar suas vidas no luxo e impunes, haja vista que não acreditam em justiça divina. Papa Doc, para dizimar a oposição no Haiti, instituiu a política de partido único, obviamente o dele, assim como ocorre na China, e enfraqueceu o exército e criou uma milícia voluntária, uma força composta por criminosos que podiam matar e expropriar os cidadãos, chamada Tonton Macoutes (Tio do Saco em Português), algo que remete à Guarda Nacional Bolivariana de Hugo Chaves, podendo inspirar uma polícia ligada ao regime, como se fosse uma força nacional ou uma corporação criada para assumir a segurança sob um controle centralizado. A experiência do Haiti e da Venezuela era para ser mais que o suficiente para mitigar a ideia de uma força militar centralizada para funcionar como polícia, pois, estaríamos criando uma instituição perigosa, mas isso não será tratado no momento. Para sustentar mentiras, a liderança revolucionária produz conteúdo acadêmico à la carte, com estudos direcionados aos seus interesses, servindo como arcabouço, ainda que fraudulento, para as pautas socialistas. Construindo narrativas sem qualquer sustentação na verdade, os revolucionários acabam vendo suas obras desmoronaram, usando da força para encobrir suas mentiras e tentar manter os escombros de pé. Chegamos ao ponto em que o regime precisará eliminar aqueles que tentem abrir os olhos dos demais, pois aceleram o processo de autodestruição que os líderes revolucionários, embebecidos pelos luxos que o regime os propicia, consideram como uma destruição imposta por seus rivais, que não são nada além de todos que, em algum momento, decidam expor suas mentiras encobertas. A luta pela censura nas redes sociais, que para a mídia mainstream é a tentativa de manter o monopólio da informação e, por conseguinte, sua existência no patamar de outrora ocupara, para os senhores socialistas é a forma de encobrir a verdade e postergar a queda de sua estrutura erigida sobre a farsa que é a revolução. Não por acaso a esquerda mundial pretende avançar com medidas que resultem na censura, países como China e Rússia restringem o acesso e funcionamento de plataformas para que não haja vozes que se contraponham às versões oficiais. Na Europa e na América Anglo-saxônica a esquerda tenta emplacar lei para censurar as redes chamando tais medidas de regulação. A mesma postura se verifica na esquerda brasileira que, ressalvado o Partido da Causa Operária, ao se deparar com a resistência dos membros do Congresso Nacional, busca pela via do ativismo judicial, promover a censura, por mais que isso signifique atropelar o Poder Legislativo, uma vez que, os revolucionários acreditam que os fins justificam os meios e nada pode impedir os avanços do socialismo. A esquerda chamada socialdemocrata, que usa a democracia para chegar ao poder e destruí-la em nome de seus ideais socialistas, tanto que, alia-se aos socialistas declarados em oposição à direita, mesmo que signifique ajudar que o autor do delito consiga “voltar à cena do crime”, evidenciando a falta de pudor daqueles que outrora se colocavam como centro-esquerda ou esquerda moderada. As narrativas são inventadas e reinventadas para tentar justificar os arroubos autoritários, contudo, o tempo faz com que as mentiras sob as fundações dos revolucionários corroam sua sustentação, provocando o inevitável desabamento. Processos que usam artifícios amplamente condenados, como a pesca probatória e delações sob coação, além de a completa dissociação do princípio do devido processo legal, como vítimas que julgam, investigam e provas que a defesa ignora, são meios deploráveis que os asseclas revolucionários tentam justificar como formas de garantir uma democracia que se sustenta na imposição do medo e o cerceamento da liberdade. De medidas exacerbadamente heterodoxas a ataques à subsistência de opositores, a elite revolucionária tenta intimidar e calar os que tentam confrontá-la trazendo a verdade à tona, acelerando assim o processo de desabamento do regime. Se o estamento corrompido pode servir para impor um sistema nefasto, por outro, ela sofrerá com a inevitável hipertrofia autofágica, posto que, os excessos resultarão em poder se controle e na autodestruição, como está acontecendo com o Poder Judiciário em razão do ativismo. O ativismo judicial faz do Poder Judiciário o maior dos três, engolindo o Executivo e o Legislativo, este último, sendo o que mais representa o povo, reagirá e sufocará o primeiro por seus abusos, mas antes de cair, o Poder Judiciário, não reconhecendo seu desvirtuamento, lutará por ainda mais poder e fará com que a reação seja ainda mais forte. Os revolucionários, para garantir sua posição de poder, precisam sustentar a mentira à força, para isso, corromperam as instituições, mas ao se desviarem de sua natureza, é natural que tais instituições entrem em um processo de degeneração e autodestruição, negando, contudo, sua parcela de culpa. As autoridades, à frente de tais organismos, se preocupam tão somente se a queda não ocorrerá durante a sua estadia, pois, caso ocorra, responderão por seus desmando. Curioso pensar que aqueles que outrora praguejavam os Estados Unidos da América e pediam que pessoas fossem destruídas em sua liberdade ou subsistência por defenderem o quê acreditavam, agora se contorcem por temerem que seus centuriões sejam alvo de medidas restritivas daquela nação. Se o imperialismo americano é o maior mal e aqueles que não comungam da revolução merecem, para alguns, até mesmo “uma boa cova”, deveriam, os revolucionários, comemorar o total rompimento de relações com os EUA e com aqueles que com aquele país livre negociam. Os que pregam o ódio ao ocidente deveriam cantar de alegria ao se verem privados dos vícios do capitalismo e seus luxos, frutos da desigualdade social, mas como na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a elite revolucionária não pretende deixar seu conforto por suas convicções, pois desejam que as privações recaiam sobre os inocentes. Os socialistas não estão dispostos a pagar o preço por aquilo que acreditam, exceto se a conta recair sobre os ombros alheios. Aos homens de bem resta que fiquem longe dos revolucionários e lutem para que as mentiras sob as fundações sejam expostas, fazendo com que e o castelo dos ímpios desabe com eles dentro para que respondam pelo mal que causaram. “Vós tendes como pai o demônio e quereis fazer os desejos de vosso pai. Ele era homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque a verdade não está nele. Quando diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira”. São João 8:44 Nos ajude a continuarmos publicando artigos como este, participe da nossa vaquinha virtual . Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. IV N.º 54 edição de Maio de 2025 – ISSN 2764-3867
- O amor que transforma
Nos últimos artigos, abordamos o tempo do Carnaval, a Quaresma e encerramos com a Páscoa, o ápice da vida cristã, onde se revela o maior mistério da fé: a crença de que Jesus foi imolado para restaurar a humanidade, demonstrando o maior ato de amor registrado na história. O amor de Jesus Cristo, manifestado em seu sacrifício na cruz, é a expressão mais sublime da misericórdia divina. Esse ato de entrega total transcende qualquer compreensão humana e revela a profundidade do amor de Deus pela humanidade. Jesus, o Filho de Deus, aceitou voluntariamente a morte para salvar o ser humano do pecado, mesmo que muitos não tenham pedido ou compreendido essa salvação. O sacrifício de Jesus na cruz é o ápice da história da salvação. Ele não apenas sofreu fisicamente, mas carregou o peso dos pecados de toda a humanidade. Esse amor é sublime porque é completamente altruísta e incondicional. Jesus não buscou nada em troca; sua morte foi um ato de obediência ao Pai e de amor pela humanidade. Como afirma a encíclica “Deus Caritas Est”, o amor de Deus é uma força transformadora que nos chama a viver em comunhão com Ele e com os outros. Jesus Cristo foi o maior mensageiro do amor, e esse amor é lembrado até os dias de hoje. No entanto, é essencial compreender que o amor, por si só, não é suficiente para seguir a Jesus Cristo. A fé cristã exige uma vivência concreta, baseada na encarnação de Cristo e na prática dos mandamentos divinos. Esse alerta foi enfatizado em diversas reflexões do Papa Francisco, disponíveis no site do Vaticano. O Papa Francisco destaca que o amor cristão não pode ser reduzido a um sentimento abstrato ou filosófico. Ele deve ser vivido de forma concreta, com obras de misericórdia e ações que refletem a encarnação de Cristo. O amor que não reconhece que Jesus veio em carne é um amor falho e distante da verdadeira essência cristã. Seguir a Cristo implica acreditar na sua encarnação e viver de acordo com seus ensinamentos, que incluem amar ao próximo de maneira prática e genuína. Na exortação apostólica “Amoris Laetitia” (“A Alegria do Amor”), Francisco descreve o amor como uma realidade concreta, vivida no dia a dia, especialmente no contexto familiar. Ele enfatiza que o amor cristão não é apenas um sentimento, mas uma decisão de buscar o bem do outro, mesmo em meio às dificuldades. Ele também alerta contra a tentação de reduzir o amor a um conceito abstrato ou idealizado, destacando que o verdadeiro amor se manifesta em ações concretas de misericórdia e cuidado. Santo Agostinho, um dos maiores teólogos da Igreja, descreveu o amor como a força que move todas as coisas em direção a Deus. Em suas “Confissões”, ele reflete sobre sua busca pelo amor verdadeiro, reconhecendo que apenas em Deus encontrou a plenitude do amor. Para Agostinho, “Ama e faze o que queres” significa que, quando o amor é genuíno e enraizado em Deus, ele guia todas as ações para o bem. Ele também advertiu contra os amores desordenados, que afastam a alma de sua verdadeira finalidade: a comunhão com Deus. Além disso, o Papa Bento XVI, na encíclica “Deus Caritas Est”, reforça que o amor cristão não é apenas um mandamento, mas uma resposta ao amor divino que nos foi dado. Esse amor deve ser comunicado aos outros por meio de ações concretas e comprometidas. A fé cristã não se baseia apenas em ideias ou sentimentos, mas em um encontro transformador com Cristo, que dá um novo horizonte à vida. O amor cristão, como ensinado por Jesus e aprofundado nessa encíclica, é um chamado à ação concreta e à transformação pessoal. Ele exige discernimento para que nossas ações sejam verdadeiramente guiadas pelo amor divino e não por interpretações distorcidas ou egoístas do que significa amar. O amor é uma força universal que conecta as pessoas e dá sentido à vida. Na tradição cristã, ele é dividido em três tipos principais: “Eros”: Amor de desejo, frequentemente associado à atração física e romântica. Na visão cristã, o “eros” precisa ser purificado e disciplinado para não se tornar egoísta. “Philia”: Amor de amizade, baseado em respeito mútuo e companheirismo. “Ágape”: Amor altruísta e incondicional, que busca o bem do outro sem esperar nada em troca. Este é o amor que mais reflete o amor de Deus. O amor materno, quando vivido verdadeiramente, é uma das formas mais puras e incondicionais de amor humano. Ele reflete o “ágape”, o amor altruísta que busca o bem do outro sem esperar nada em troca. A mãe ama seu filho desde o ventre, nutrindo, protegendo e guiando-o ao longo da vida. Esse amor é cuidadoso, sacrificial e constante, um reflexo do amor divino. Embora chamemos Deus de Pai, Ele também ama como uma mãe. Seu amor é terno e compassivo, como o de uma mãe que jamais abandona seu filho, oferecendo acolhimento e proteção sem reservas. Em Isaías 49, 15, Deus nos lembra: “Pode uma mãe esquecer-se do seu filho? Ainda que ela se esqueça, eu jamais me esquecerei de ti.” Essa passagem reforça que, enquanto o amor humano pode ter falhas, o amor de Deus é perfeito e eterno. Ele corrige, guia, sustenta e conforta, assim como uma mãe amorosa que sempre busca o melhor para seus filhos. Maio é um mês especial, quando celebramos o Dia das Mães, uma ocasião que nos lembra da profundidade e da beleza do amor materno. O amor de uma mãe verdadeira é um reflexo do amor divino: ele é incondicional, protetor e sacrificial. Uma mãe que ama genuinamente cuida, orienta e se doa sem esperar nada em troca, buscando sempre o bem de seus filhos. Esse amor nos dá um vislumbre do amor de Deus, que é ainda maior e mais perfeito. Jesus nos ensinou sobre essa realidade ao dizer: “Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhes pedirem?”. Essa passagem nos mostra que, se até nós, com nossas imperfeições, buscamos dar o melhor aos nossos filhos, Deus, que é perfeito e infinitamente bom, nos concede dádivas ainda maiores. Assim como uma mãe jamais daria algo prejudicial ao seu filho quando ele pede alimento, Deus também cuida de nós com amor e providência. Seu amor transcende qualquer compreensão humana, e Ele nos sustenta com tudo o que precisamos para viver em comunhão com Ele. O amor materno, em sua forma mais pura, nos ajuda a compreender um pouco da ternura e do cuidado divino, lembrando-nos de que, independentemente das circunstâncias, Deus nunca nos abandona. A ideia de amor varia amplamente entre indivíduos. O que para alguns pode ser considerado amor, para outros pode ser algo nocivo ou destrutivo. Por exemplo, um amor possessivo ou controlador pode ser percebido como cuidado por quem o pratica, mas como opressão por quem o recebe. Por isso, é perigoso reduzir os mandamentos de Jesus a simplesmente “amar”, sem considerar o que esse amor implica em termos de responsabilidade, respeito e justiça. Mas como sabemos o modo de amar? Para isso temos algumas direções. Jesus Cristo nos deu duas direções quando resumiu os mandamentos em dois princípios fundamentais: “amor a Deus” e “amor ao próximo”. Em Mateus 22, 36-40, Ele disse: 1. “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento.” 2. “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” Além disso, Jesus reafirmou vários dos Dez Mandamentos ao longo de seu ministério. Ele também enfatizou a importância do amor e da misericórdia como base para a vida cristã. Portanto, é perigoso acreditar que o amor, sem a prática dos mandamentos e sem a fé na encarnação de Cristo, basta para seguir a Jesus. O verdadeiro amor cristão é aquele que se manifesta em ações concretas, que refletem a presença de Deus em nossas vidas e nos aproximam do próximo. Somente assim podemos viver plenamente a mensagem de Cristo e evitar os enganos de um amor abstrato e desconectado da realidade. O amor de Deus é imenso, perfeito e incondicional, mas para vivê-lo plenamente, é necessário primeiro aprender a amar a si mesmo. Somente quem compreende seu próprio valor diante do Criador consegue refletir esse amor de maneira genuína. Muitas vezes, buscamos o amor de Deus e do próximo sem antes olharmos para nós mesmos com misericórdia. Aceitar-se, respeitar-se e cuidar de si não são atos de egoísmo, mas sim passos essenciais para viver o amor verdadeiro que Cristo nos ensina. Se Jesus nos mandou amar o próximo como a nós mesmos, como podemos cumprir esse mandamento sem antes entendermos o que significa amar a própria vida? Quem não se vê como digno do amor de Deus dificilmente conseguirá amar o outro com a plenitude que Cristo nos pede. Que tal dar esse primeiro passo? Enxergue-se com os olhos de Deus, ame a si mesmo com gratidão e permita que esse amor transborde para transformar suas relações e sua fé. Quando aprendemos a nos amar com sinceridade, começamos a viver o verdadeiro amor cristão, aquele que se manifesta em gestos concretos e nos aproxima ainda mais do Senhor. Nos ajude a continuarmos publicando artigos como este, participe da nossa vaquinha virtual . Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. IV N.º 54 edição de Maio de 2025 – ISSN 2764-3867
- FAHRENHEIT 451
A idade média e a atualidade Fahrenheit 451 é uma obra de Ray Bradbury. Trata-se de um romance visionário publicado em 1953. A obra descreve uma sociedade em que os livros foram proscritos, e que o simples fato de manter em casa, obras literárias ou filosóficas, constitui-se num crime. Sem querer expor o enredo do livro que tem também um filme homônimo dirigido por François Truffaut, destaco minha recomendação para a leitura da obra que certamente trará boas reflexões aos leitores. O livro traz um comportamento de uma sociedade que embora a distância cronológica, em linhas gerais não é diferente do comportamento na idade média. Controle do pensamento, queima de livros, instituições do estado sendo usadas para impor ao cidadão, seus ditames, vigilância severa sobre as pessoas, censura, venenos sendo produzidos para uso do interesse do sistema e até vizinhos e parentes sendo denunciados ao sistema. Enquanto isso, atuavam também no cenário, verdadeiros heróis que com inteligência lutam para manter de pé os valores humanos que serão a semente para um mundo novo e melhor. Embora a obra seja uma ficção e trate do futuro, já vimos este mesmo enredo em fatos na chamada idade média; onde as pessoas sofriam com todas essas ações típicas do contexto histórico onde a corrupção era generalizada em todos os sentidos. Até o sistema de justiça era recheado de falsas acusações, imputação de crimes com leis um tanto subjetivas. Não pretendo trazer um texto histórico, mesmo porque temos vasto conteúdo nas bibliotecas para os amantes do tema, mas trazer como sempre me proponho, uma reflexão para que a partir dela possamos ter ideias próprias sobre nosso momento histórico. Qualquer leitor das obras sobre ela idade média sabe que era comum o sistema de justiça punir severamente os mais pobres e dar penas mais brandas para os mais abastados; discriminação era muito comum onde mulheres, judeus, estrangeiros e os chamados “pagãos” faziam parte de uma categoria que sofria constantemente com falsas acusações. A educação era seletiva, e na saúde era comum morrer sem tratamento adequado, a mortalidade infantil era altíssima e somente a chamada, nobreza – cuja a palavra tinha seu significado corrompido) o que também era muito como à época, tinha uma vida ideal, além daqueles que hoje conhecemos como funcionários público do alto escalão. Imaginemos um cenário onde toda essa situação fosse agregada muito, mas muito mais dinheiro, pensamento ideológico refinado e muita tecnologia; como temos hoje, podemos pensar que vivemos em uma idade média requintada? Na filosofia da história, define-se idade média, um período de tempo entre uma civilização e outra. Lembrando que a última civilização que consideramos foi Roma, e não sabemos quando ou se haverá uma outra… Com tudo, nossos dias são muito semelhantes àqueles citados no romance ou nos anais da história. Fica uma reflexão: O que manteve aqueles homens e mulheres firmes, constantes, convictos e irredutíveis quanto aos valores humanos que como naquela época, somos tão carentes nos dias de hoje? Assim como naqueles dias, hoje, temos disponíveis esses heróis? Lembro também que muitos deles, como, Giordano Bruno, foram eliminados pela liderança da época; outros presos, outros fugiram, mas nem por isso deixaram de cumprir seu propósito. De algum modo reconheciam uns aos outros como numa linguagem própria, intuitiva, que os faziam ter uma ou outra chance de portaram os valores humanos, e, em algum tempo propício oferecer aos que com eles assumisse este sacro ofício. Embora a tradição fosse oral, nem mesmos eliminados os homens e mulheres portadores dos “tais conhecimentos” - pois as pessoas eram os livros da época – conseguiram seu intento. Penso que se vivêssemos um momento histórico semelhante, a única chance que teríamos seria o amor, as virtudes e a verdadeira moral, resultado desse amor; o que nos manteria inabaláveis como outrora fizeram os apóstolos, por exemplo. Para regar esta mensagem, deixo o texto bíblico de 1 Cor 15:58, em que parafraseando o apóstolo São Paulo diz o texto: " Portanto, meus amados, sejam firmes e constantes, sempre abundantes no propósito, sabendo que a vossa obra não será em vão." Nos ajude a continuarmos publicando artigos como este, participe da nossa vaquinha virtual . Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. IV N.º 54 edição de Maio de 2025 – ISSN 2764-3867
- Somos todos iguais
Creio que todos já ouviram esta expressão, o problema é quando as pessoas levam para o lado denotativo. Não há como dizer que todos são iguais, em realidade, nem mesmo que um é igual ao outro, mesmo caso fossem gêmeos idênticos. A ideia conotativa, a que cria um sentido na expressão, é dizer que somos capazes, diminuir a inveja e fazer com que aquele indivíduo busque uma melhora, ou seja, alguém saudável, sem complicações cerebral nem física, olhar para outro e invejar o ponto em que aquele está, indiferente se foi sorte, herdado, somos todos iguais, você é tão capaz quanto, corre atrás e chega lá, mas, diferente daquele que se submete aos atalhos, muitas vezes sendo um caminho derradeiro, crie um trabalho a longo prazo. Não inveje o próximo, caso ache que determinada pessoa não é capaz de estar onde está, primeiro olhe para si, “Quanto de você existe naquilo que você odeia?” (Freud), julgamos alguém por não merecer estar onde está, e de fato, muitas vezes essa pessoa realmente não merece, todavia, você merece? Pois todos somos iguais, pode haver alguém mais capaz para este fim, que se esforça mais. A expressão tinha um valor significativo, algo bom, no sentido de acender uma vontade de melhora, não apenas financeiramente, fisicamente, mas do mental também, no fundo daquele indivíduo, mesmo que no momento este ignorasse, tal frase ficaria em seu subconsciente, todavia, com uma educação precária, obviamente proposital, pois há um motivo para quererem uma sociedade “menos pensante” por assim dizer, uma sociedade a qual ser cético é um defeito – Como você acredita que armar os inocentes trará uma diminuição na criminalidade? Eu vi na televisão que aumentaria – e a pessoa aceita cegamente no que a mídia diz, para que raciocinar sobre, as informações já vieram bonitinhas. É como se a mídia fosse a mamãe pássaro, passando os alimentos mastigados para o filhote, este que por imaturidade apenas engole, embora no caso do pássaro seja normal, pois é um filhote, nesta analogia temos adultos nessa condição, onde apenas engole o que lhe for dado, indiferente do que seja, aliás, é cômodo se ausentar de pensar, buscar outra fonte de informação, colocar no papel e fazer uma comparação das narrativas, tentar compreender o que de fato ocorreu para que seja possível chegar próximo a verdade. Nesta sociedade atual, onde a fragilidade é exaltada, a expressão tornou-se inócua, usada para cobrir erros, a ponto de ser usada por criminosos com um complemento ainda mais, ficando “somos todos iguais aos olhos de Deus”, misturam o conceito de Deus sempre perdoar com esta frase, como uma forma de amenizar seu pecado, todavia, ambos estão deturpados, a ideia não é essa, qualquer ser com mais de 5 anos consegue chegar na conclusão que isto está completamente errado, o sentido é dizer que um pai não diferencia seus filhos, ambos terão o mesmo tratamento para devido ato, Deus não julga sua cor, não julga se você é cego, cadeirante, mas ele irá julgar suas convicções, suas escolhas, o ato, não a pessoa. Embora Pablo Neruda seja um helminto social, retém uma frase que podemos utilizar neste caso. “Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências” aplicando ao conceito anterior, Deus não te julgará por ser um humano, mas sim pelas suas escolhas, sejam boas ou más, as consequências serão definidas. Quando trazemos o sentido deturpado, com uma resistência zerada, apenas levando tudo ao pé da letra, pode-se ter a ideia de que sermos todos iguais justifica meu erro, pelo erro daquela pessoa, ou que se fosse o outro no seu lugar, este faria o mesmo. Não deve-se comparar erros de um indivíduo para o outro, pois todos temos um pecado, o certo é decidir medindo quem se afasta mais do correto. O fato de alguém trair seu cônjuge não o faz tão pecaminoso quanto um assaltante, mas não é por existir um assaltante, que seu adultério deixa de ser um pecado. Lembrando que digo pecado da forma lúdica, não minimizando na religião, mas sim tratando de forma mais pesada do que um erro, pois as pessoas acham brando quando falamos de falhas, pois é normal termos. Apesar de ser natural que cometemos erros, somos falhos, naturalizar isto é atenuar a situação, um adolescente pegar a caneta do amigo e não devolver é normal, isto é atenuar um pequeno furto, faz menos de um ano que terminei meu ensino médio, isso é factível, lidado com risos, como se não fosse nada demais, embora seja uma mensagem que um pequeno furto nem é nada demais, todos fazem, todos são iguais. Quando uma falha não é alvo de correção, esta se proliferará, é como uma praga, caso não seja exterminada, irá contaminar todo o ambiente, fazendo com que isso se perdure, aquela criança se forma e pratica o mesmo no trabalho, enquanto novas crianças chegam naquele ambiente, se corrompem e seguem esse ciclo. Vemos o quão deteriorado está nossa sociedade, quando até nossas expressões estão desvirtuadas. Nos ajude a continuarmos publicando artigos como este, participe da nossa vaquinha virtual . Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. I N.º 10 edição de Julho de 2022 – ISSN 2764-3867










